O inverno chegou este domingo. Mas se é fã da Guerra dos Tronos ou, melhor dizendo, de As Crónicas de Gelo e Fogo, e já leu os livros todos, o desespero pelo novo livro da saga há-de ser bem maior que aquele sentido pelos fãs da série.
George R. R. Martin prometeu novas histórias para 2014, já vamos em 2017, a sétima temporada estreou este domingo nos EUA… e não parece haver novidades.
O quinto e último livro (até agora lançado) da saga de As Crónicas de Gelo e Fogo, A Dance With Dragons (editado em Portugal em dois volumes distintos, A Dança dos Dragões e Os Reinos do Caos), foi publicado pela primeira vez a 12 de julho de 2011 nos Estados Unidos, já na altura tendo demorado seis anos a ser publicado.
E, desde aí, há um blackout.
O autor disse esperar que o próximo e sexto volume, The Winds of Winter, estivesse pronto, pelo menos, três anos após o lançamento do livro anterior. Em 2012, George R. R. Martin corroborou este pensamento afirmando que o livro seria lançado em 2014.
O tempo foi passando e a data foi sendo adiada até que, em janeiro de 2016, George R. R. Martin afirmou não ter cumprido o prazo de lançamento do sexto livro, acrescentando ainda que “ainda há muito por escrever” e que a sua conclusão está “a meses de distância… caso a escrita corra bem“.
Com toda esta demora, a série baseada nos livros, A Guerra dos Tronos, produzida pela HBO e lançada em 2011, já ultrapassou os eventos dos livros, tendo as últimas duas temporadas narrado episódios que ainda não aconteceram nos livros.
Só para se ter uma noção, o último livro publicado acaba com a morte de Jon Snow. A demora já é tão extensiva que mesmo que George R. R. Martin conseguisse acabar de escrever o que lhe falta bastante rapidamente, o último volume da saga nunca iria sair a tempo do final da série.
Haverá algo mais frustrante que isto para os leitores?
George R. R. Martin e a sua morte
George R. R. Martin tem atualmente 68 anos, já não vai para novo. Esta tem sido também uma das preocupações dos fãs.
Caso Martin morra antes de acabar a saga, haverá alguém que saiba qual o final que ele pretendia? – foi esta a pergunta que um fã português colocou, no Teatro Villaret, em 2012, na visita de George R. R. Martin a Portugal a propósito do lançamento de um livro paralelo às Crónicas de Gelo e Fogo, O Cavaleiro de Westeros e Outras Histórias.
Na altura, Martin riu-se e respondeu bem disposto que algumas pessoas já sabiam como iria terminar a saga, tal como os diretores da série, mas explicando que o que importa não é o final, mas sim o caminho que tem de ser percorrido até lá.
Não obstante, atualmente, o autor não se mantido risonho quando confrontado com questões sobre a sua saúde ou sobrevivência.
Houve até o caso, de numa entrevista ao jornal suíço Tagesanzeiger, em 2014, quando confrontado pelo entrevistador acerca da preocupação cada vez maior entre os fãs da saga, George R. R. Martin respondeu a dizer que achava essa questão um pouco ofensiva e como tal, “que se fodm essas pessoas”
“I find that question pretty offensive. When people start speculating about my death, fck you to those people.”
George R. R. Martin e os seus outros projetos
Outra das criticas mais apontadas a Martin é o facto de além de se envolver noutros projetos, tem escrito outros livros, mesmo que dentro do universo de Westeros, em vez de se concentrar em finalizar a saga de As Crónicas de Gelo e Fogo.
Por exemplo, Martin escreveu um episódio para cada uma das quatro primeiras temporadas da Guerra dos Tronos. Trabalha na produção de várias séries de televisão. Escreveu obras como O Cavaleiro de Westeros e Outras Histórias, Histórias dos Sete Reinos, ou A Ironia e Sabedoria de Tyrion Lannister, escrito apenas devido ao furor e sucesso que a personagem em causa adquiriu.
Verdade seja dita que George R. R. Martin, à parte dos assuntos editoriais e afins, não deve obrigações ou explicações a ninguém. Contudo, os leitores aceitaram (e de bom grado, diga-se de passagem), embarcar nesta aventura. Deram parte do seu tempo e dinheiro a esta saga e a George R. R. Martin.
Acaba por haver um contrato implícito. Ninguém inicia algo, muito menos uma saga literária, se não tiver o desejo de a terminar. E cabe ao autor dar esse fim – algo que Martin ainda não fez, nem parece estar com muita vontade de fazer.
A viagem tem sido fantástica, mas é preciso ter um fim. Fim esse que, infelizmente, os leitores não o terão, em primeiro lugar, através dos livros. Muitos até já perderam a esperança.
Resta-nos esperar e rezar para que George R. R. Martin se apresse. E a vontade e a fé é tanta que rezaremos aos Sete, aos Deuses Antigos, ao Deus Afogado, a R’hllor e a todos os outros.
Fico perplexo quanto ao fanatismo de certas pessoas. Cada um sabe de si, eu sei, mas não deixo de ficar perplexo.