O presidente chinês Xi Jinping está determinado a usar todo o soft power que for necessário para promover o seu país no exterior – e aposta na música pop para conquistar o coração do mundo com um hit internacional.
Quem leva aos ombros as esperanças de sucesso da China nessa empreitada é a cantora Ruhan Jia, de 31 anos.
Será que a máquina do Partido Comunista chinês vai ser capaz de criar uma estrela do pop internacional?
“Vou tirar os sapatos hoje à noite”, diz Ruhan no camarim, antes de um concerto em Xangai. “Assim sinto-me mais selvagem, posso saltar pelo palco”.
Sentir-se “selvagem” não é algo muito natural para a cantora, que tem formação erudita.
Ela não bebe, não fuma nem frequenta casas nocturnas. A sua vida é dominada por um único objectivo: tornar-se uma estrela internacional. E nessa missão, Jia tem o apoio do Estado chinês.
Mas ter sucesso no Ocidente significa aprender comportamentos e atitudes diferentes – arrancar os sapatos no meio do show, por exemplo, já é um começo.
Em 2011, Ruhan tornou-se a primeira artista a ser contratada pelo Earth’s Music, uma iniciativa apoiada pelo governo chinês com o objectivo de gerar artistas chineses capazes de competir no disputado mercado internacional de música.
Isso é parte de uma estratégia para aumentar o apelo cultural da China no mundo, um projecto considerado tão importante que, segundo relatos, teria sido incluído no actual Plano Económico Quinquenal do país.
O plano baseia-se no conceito de soft power, ou seja, a adopção, por um país, de uma abordagem persuasiva em relações internacionais, envolvendo influências económicas ou, como neste caso, culturais.
“Temos uma economia forte, mas só começaremos a ser vistos como uma super-potência quando formos fortes culturalmente”, explica Bill Zang, vice-presidente da editora de Ruhan, Synergy.
Aprendendo a ser rebelde
Educada no Conservatório de Música de Xangai, um dos mais prestigiosos da China, a soprano Ruhan já participou em vários projectos conhecidos, entre os quais, a ópera Monkey: Journey to the West, do pop star britânico Damon Albarn, encenada na Grã-Bretanha, Estados Unidos e Alemanha.
“A minha infância foi a tocar o meu piano”, diz Jia à BBC. “Todos os dias depois da escola praticava quatro horas”.
Hoje, no entanto, Jia precisa de reaprender tudo. Tem de transformar a sua voz de cantora lírica em algo menos refinado, mais solto.
No concerto de Xangai, nessa noite, Jia cantava com o grupo de rock americano Edisun. E cumpriu a sua promessa. A meio de um dueto, de maneira aparentemente casual, Jia livra-se dos sapatos.
A editora Synergy acha que a chave para a entrada da China no mercado global de música está numa fusão entre o Oriente e o Ocidente. Por isso Ruhan está a apostar nesta parceria com Edisun. As canções de Ruhan misturam elementos de música chinesa com pop ocidental.Mas até agora, bandas como os Yeah Yeah Yeahs e Metallica têm feito muito mais sucesso no gigantesco mercado chinês do que os artistas chineses que tentam trilhar o caminho inverso.
“Entre 1930 e 2013, lembro-me de apenas duas canções chinesas que conseguiram cruzar a fronteiro do Ocidente”, diz David Liang, produtor musical e fundador do grupo chinês de música electrónica Shanghai Restoration Project.
Liang cita a canção Rose I Love You, de Frankie Laine, que é uma versão de uma canção popular chinesa da década de 1940. A outra, diz Liang, é “uma composição de 1952, Dança do Povo Yao, muito parecida com a que Mariah Carey e Whitney Houston cantam em The Prince of Egypt“.
‘Ensolarada’
Até agora, o sucesso de Ruhan tem sido modesto. Ela tem 500 mil seguidores no Weibo, o equivalente chinês do Twitter. Mas as vendas do seu primeiro disco, Time do Grow – uma mistura de baladas, pop e música folclórica chinesa – não foram tão fortes como se esperava.
Na sede da Synergy – cujos corredores estão repletos de imensos posters a promover o mais recente álbum de Ruhan – a cantora trabalha duro, apoiada por uma equipa, para aumentar o seu impacto.
Ruhan Jia é a única artista com contrato exclusivo com a editora. O seu estúdio de ensaios – pago pelo governo chinês – é enorme.
É nesse estúdio que Jia compõe canções, escreve letras, trabalha a sua presença em palco e pratica técnicas vocais – tentando incorporar estilos que, até hoje, eram completamente desconhecidos para ela.
Todos os meses a equipa da Synergy traz novos CDs para a Jia ouvir. Ruhan chama-lhe a sua “educação musical”.
“É difícil para ela”, explica o empresário da cantora, Jean Wernheim. “Eu tenho de lhe dizer para ouvir mais rock, mais hip hop e R&B. E ela diz-me que quando era criança não tinha autorização para ouvir esse tipo de música”.
Num espaço de dez minutos, Jia apresenta uma selecção de canções incluídas na sua pasta de repertório. Elvis, Queen, Christina Aguilera e Kesha. No topo de cada página com as letras das músicas, Ruhan desenhou gráficos e fez anotações sobre o que deve sentir.
“A música ocidental é como um homem muito forte. Cheio de energia, corajoso e selvagem”, diz Jia. “E a música chinesa é como uma mulher vestida de Chanel, muito graciosa. Com Michael Jackson eu aprendo sobre ritmo. É muito poderoso. Já a Kesha, ensina-me a ser mais selvagem”.
E por que o governo chinês escolheu Ruhan Jia?
Jia diz que talvez seja porque tem uma imagem que se encaixa na que o governo chinês quer projectar, uma imagem “que deve ser ensolarada“.
A questão da imagem deve ter sido central ao processo de selecção, diz Andrew Field, reitor associado da Hult International Business School.
“As mensagens que as grandes pop stars americanas tendem a disseminar têm a ver com liberdade, rebelião e o direito de ser quem quiser – essas são precisamente as mensagens que o governo chinês não quer transmitir, nem para o povo chinês, nem para o mundo”.
Pelo contrário, prossegue o reitor. A prioridade do governo chinês é projectar a imagem que a China tem de si mesma, de um “país benevolente”.
Ruhan não é a única artista chinesa a tentar fazer sucesso no estrangeiro. Em 2007, a banda indiechinesa Carsick Cars saiu num tour pela Europa com o grupo rock americano Sonic Youth.
Os Carsick Cars tinham shows programados com os Sonic Youth na China, mas o governo pôs fim ao plano. “Até hoje não sabemos por que”, diz o vocalista do grupo, Shou Wang, de 26 anos.
Os Carsick Cars está a sair-se bem sem o apoio do governo e Wang é céptico em relação à ideia de popstars criados pelo Estado.
“Se fores financiado pelo Estado, ficas amarrado, não és livre de escrever canções contra eles”, diz o cantor.
“Os artistas que o governo está a promover, o povo da China nem ouviu falar deles”.
Ruhan não se incomoda com esse tipo de crítica.
“Não penso muito nisso”, diz Jia. “O meu único desejo, enquanto cantora, é encontrar uma empresa que promova a minha música. Então se a minha editora diz que quer produzir álbuns, e se o governo chinês diz que gosta disso, por que não?” pergunta a cantora.
“Um dia, três oficiais do governo passaram no estúdio e disseram que gostam do meu estilo e da minha voz”, conta Jia, “e eu digo apenas obrigado, espero que gostem da minha música”.
ZAP / BBC
Morre diabo! Sai Satanás! Cruzes credo! Figas ao demónio! não sei se vão lá assim…
Santo Deus.. tanta voz maravilhosa e veem com esta coisa horrivel. dá qye pensar..porque o presidente gossta taanto dela e a ajuda tanto? será amante dele?.. tambem se deve demitir do cargo… e aquele guincho quase no final……pavorosa. horrivellllll que nojo
🙂 Gostei do comentario da aquereficarsurda………”figaas ao demonio”…. vou fazer as figas para estes comentarios chegarem ate à “cantora” a ver se ela desiste de uma vez….horripilante
O presidente chinês Xi Jinping devia ir para um manicomio por apoiar uma deslavada de voz assim. Criminoso acoitar uma cantora incompetente e prejudicar os ouvidos dos seus eleitores. Será surdo o dito cujo ou ele deve favores a ela?