A origem das lesões cerebrais do estudante norte-americano Otto Warmbier, que foi libertado em coma, na passada quarta-feira, após ter estado detido na Coreia do Norte, permanece desconhecida, indica a equipa médica que o está a acompanhar em Cincinnati, nos EUA.
“O seu estado neurológico pode ser descrito como um estado de vigília não reactivo“, explicou o neurologista Daniel Kanter, director do serviço de Cuidados Neuro-críticos da Universidade de Cincinnati, em conferência de imprensa.
“Ele abre espontaneamente os olhos e pestaneja. Contudo, não mostra sinais de entendimento da linguagem, respondendo a comandos verbais ou com atenção ao que o rodeia. Ele não falou”, acrescentou o médico.
“Não temos qualquer informação concreta ou verificável sobre a causa ou as circunstâncias das suas lesões neurológicas”, disse ainda.
Segundo o especialista, “este tipo de lesões cerebrais é, em geral, considerado uma consequência de uma paragem cardio-respiratória, quando a irrigação sanguínea do cérebro é insuficiente durante um determinado lapso de tempo, resultando na morte de tecidos cerebrais”.
Existem “graves lesões presentes em todas as zonas do cérebro“, precisou ainda.
A equipa médica indicou igualmente não ter identificado vestígios de botulismo no organismo de Otto Warmbier, de 22 anos, afastando a explicação fornecida pelo regime norte-coreano para o estado de coma em que o jovem mergulhou, pouco após a sua detenção e o seu julgamento, em Março de 2016.
Daniel Kanter referiu ainda que os exames aprofundados ao corpo do estudante não “mostram qualquer prova de fractura actual ou calcificada, incluindo ao nível do crânio”.
A pedido da família, os médicos escusaram-se a fornecer informações sobre a possível evolução do seu estado de saúde.
O jovem foi detido em Janeiro de 2016 e condenado a 15 anos de prisão, com trabalhos forçados, depois de ter arrancado um poster de propaganda do regime norte-coreano, num hotel de Pyongyang.
Warmbier terá sido “repetidamente espancado”
A Coreia do Norte justificou a libertação do estudante norte-americano por “razões humanitárias”, conforme um comunicado divulgado pela agência oficial do regime, a KCNA.
Entretanto, surgem rumores de que Otto Warmbier pode ter sido alvo de tortura, por parte do regime norte-coreano.
O New York Times cita uma fonte oficial norte-americana que refere que os EUA receberam informações de que Warmbier terá sido “repetidamente espancado”, enquanto esteve detido, e que chegou a haver, inclusive, suspeitas de que teria sido morto.
Os pais do jovem estudante não têm dúvidas de que foi “brutalizado” e criticam a administração de Barack Obama por ter acreditado que o filho teria um tratamento “justo” por parte do regime norte-coreano.
O pai de Otto também disse que recebeu “um telefonema muito simpático” de Trump, que lhe terá confidenciado que o Secretário de Estado, Rex Tillerson, trabalhou “no duro” para trazer o estudante de volta para casa.
Um especialista em assuntos da Coreia do Norte, Sung-Yoon Lee, revela ao site Vox.com que o abuso físico de detidos estrangeiros não é novidade no país mas, de qualquer modo, considera surpreendente o caso de Warmbier, fruto da extensão das lesões que sofreu.
ZAP // Lusa
Porcos.