Os familiares da mulher que perdeu mais de metade do seu peso, depois de uma cirurgia na Índia, alegam que a equipa médica está a mentir e que a paciente ficou “destruída” depois do tratamento.
Eman Abd El Aty, de 36 anos, foi notícia no mês passado por ter perdido metade do seu peso dois meses após uma cirurgia na Índia. Conhecida como “a mulher mais pesada do mundo”, a egípcia deixou o país, na altura com 500 kg, rumo a um hospital em Mumbai.
Depois de sete horas de voo num avião de carga, a mulher foi transportada num camião até ao Saifee Hospital, onde foi submetida a uma cirurgia de redução de estômago e a uma dieta especial à base de líquidos, lideradas pelo cirurgião bariátrico Muffazal Lakdawala.
O famoso médico aproveitou uma cerimónia de entrega de prémios na área da Medicina, na qual foi homenageado, para anunciar que a sua paciente já tinha perdido cerca de 250 kg.
Desde esse dia que a relação entre a família da egípcia e a equipa médica azedou, escreve agora o The Guardian, com a irmã de Eman a acusar o médico de ter mentido sobre os progressos e a revelar que esta ficou “destruída” com o tratamento.
“Desde a cirurgia que ela não consegue falar, está ligada a um tubo de alimentação, (…) não se consegue mexer, tem um aspeto azulado, sem qualquer tipo de melhoria”, afirmou Shaimaa Selim, citada pelo jornal britânico.
Entretanto, o cirurgião respondeu às acusações através das redes sociais, partilhando fotografias que diz comprovar que a paciente pesa atualmente cerca de 170 kg.
Na terça-feira passada, toda a equipa médica, com exceção de Lakdawala, se demitiu, dando como principal razão as recentes acusações da família.
“O que aconteceu é muito triste”, afirmou Aparna Bhasker, cirurgiã bariátrica chefe do hospital indiano. “Estamos muito magoados. Este é o pior tipo de ataque que um médico pode enfrentar. Um ataque nem sempre tem de ser físico. Ao demitir-me da equipa, estou a protestar contra este tipo de ataque”, acrescentou.
Em declarações ao India Today, a médica revelou que os familiares estão chateados com o facto de Eman poder vir a ter alta em breve e, com isso, terem de regressar ao Egipto.
“Eles querem mantê-la aqui. Nós podíamos ajudá-la, mas esta não é a melhor maneira de o conseguirem”, acusou.
Eman nasceu com mais de seis quilos e foi diagnosticada com elefantíase, uma doença parasitária que causa um inchaço extremo dos braços e das pernas. Aos onze anos de idade, já estava tão pesada que não conseguia ficar de pé e passou a gatinhar pela casa.
Algum tempo depois, a egípcia teve de abandonar a escola, após sofrer um AVC que a impediu de sair da cama. O lado direito do seu corpo ficou paralisado, prejudicando ainda mais a sua mobilidade.
Eman não saía de casa há mais de 25 anos, passando os dias deitada numa cama. Inicialmente, foi necessário demolir uma das paredes do seu quarto para a conseguirem retirar de casa, com a ajuda de um guindaste.