O embaixador britânico junto da União Europeia apresentou esta terça-feira a sua demissão, a menos de três meses do início das negociações do Brexit.
Ivan Rogers, considerado um diplomata experiente nas negociações com a UE, renunciou ao cargo pouco antes de o Reino Unido ativar, em finais de março, o processo de negociações sobre o Brexit, a saída do país do bloco europeu.
De acordo com o Financial Times, o embaixador britânico limitou-se a comunicar aos seus funcionários a decisão de antecipar a partida, que estava prevista para novembro.
Designado em finais de 2013, o diplomata foi um dos principais assessores do ex-primeiro-ministro conservador David Cameron nas negociações prévias ao referendo europeu para tentar garantir alterações às cláusulas da participação britânica na UE.
Na sequência dessas conservações, onde foram acordadas mudanças no acesso dos cidadãos comunitários às ajudas sociais britânicas, Cameron decidiu convocar um referendo sobre a permanência ou saída do Reino Unido da UE, que decorreu em 23 de junho.
No final de 2016, Rogers suscitou uma enorme controvérsia, ao considerar que o acordo comercial com a UE após a saída britânica do bloco levaria uma década a ser concretizado e que inclusivamente poderia fracassar porque necessitaria da ratificação dos restantes 27 Estados-membros.
Ivan Rogers pede desafio ao “pensamento confuso” sobre negociações do Brexit
O embaixador britânico na União Europeia pediu aos seus colegas em Bruxelas para desafiarem o “pensamento confuso” e que digam a verdade ao “poder” sobre as negociações do “Brexit”.
Na sua carta de demissão enviada aos colegas em Bruxelas, e publicada esta quarta-feira na imprensa britânica, o diplomata teceu duras críticas contra o Governo, ao afirmar que os ministros precisam de ouvir pontos de vista “incómodos” da Europa.
Também revela que os funcionários ainda não sabem quais são as prioridades de negociação do governo de Londres.
O embaixador, que deixará o seu posto nas próximas semanas, quando for nomeado o seu substituto, adverte que o Governo só conseguirá o melhor para o país se “aproveitar a melhor experiência (de pessoal) que nós temos”.
“Espero que se apoiem uns aos outros nesses momentos difíceis, em que devem entregar mensagens que são desagradáveis para os que necessitam ouvi-las”, acrescentou.
Segundo o Financial Times, as relações do embaixador com a equipa da primeira-ministra britânica, a conservadora Theresa May, deterioraram-se nos últimos meses.
Rogers é um funcionário britânico e foi secretário pessoal do ex-ministro da Economia Kenneth Clark, tendo ainda colaborado com o ex-primeiro-ministro trabalhista Tony Blair.
Theresa May indicou que vai fornecer, durante este mês, diversos pormenores sobre os seus planos de negociação com o bloco europeu, após ter sido criticada pela ausência de informações sobre o que sucederá no ‘pós-Brexit’.
O Reino Unido deverá abandonar a União Europeia na primavera de 2019.
// Lusa
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