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Doentes estiveram dois dias sem comer, denuncia bastonária dos enfermeiros

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A bastonária da Ordem dos Enfermeiros denunciou, esta segunda-feira, o facto de vários doentes terem estado dois dias sem comer e sem receber medicação, sem nunca revelar, no entanto, o hospital público onde isso aconteceu.

Vários doentes estiveram dois dias sem comer e sem receber a devida medicação num hospital do Serviço Nacional de Saúde. A denúncia foi feita, esta segunda-feira, pela bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, durante um debate na Ordem dos Médicos do Porto.

Em declarações à Renascença, a bastonária não quis revelar qual é o hospital público em causa mas alertou para o facto disto acontecer por causa do baixo número de profissionais face à elevada afluência de utentes nas urgências nos meses de inverno.

“Isto é uma denúncia concreta que recebemos dos profissionais que querem manter a segurança dos seus doentes. É uma grande preocupação dos enfermeiros que trabalham no terreno, sobretudo nas urgências dos hospitais, numa altura de grande afluência por causa do Inverno e da gripe”, afirma.

“Se tenho um espaço vocacionado para 10 ou 12 doentes e ponho lá 40, 50 ou 60 pessoas, não tenho condições”, acrescenta ainda.

Sobre essa situação, Ana Rita Cavaco diz que isso aconteceu “porque não havia recursos e também não havia pessoas: as macas e as paredes não lhes dão de comer“, ironiza.

Questionada pelo Público, a bastonária informou que o conselho de administração do hospital já foi inquirido, estando a aguardar uma resposta da sua parte.

“Podem acusar-me de ser alarmista, mas enquanto não tivermos dispostos a dizer a verdade, não vamos a lado nenhum”, concluiu.

Denúncias são de “grande intensidade dramática”

O ministro da Saúde considerou esta quarta-feira que as declarações da bastonária da Ordem dos Enfermeiros foram de “grande intensidade dramática”, tendo já pedido a intervenção da inspetora da Saúde.

“A bastonária teve essa informação, que é de grande intensidade dramática. Eu, quando ouvi essas declarações nas notícias, telefonei à inspetora das Atividades na Saúde (Inspeção-Geral das Atividades em Saúde IGAS), que já falou com a bastonária”, disse Adalberto Campos Fernandes aos jornalistas, não especificando se foram já tomadas eventuais medidas.

“Nós temos todos a obrigação de melhorar o sistema de saúde e sinalizar as situações que estão menos bem mas também temos todos a obrigação de sermos muito responsáveis“, acrescentou o ministro, referindo-se à bastonária da Ordem dos Enfermeiros.

Na sequência da revelação da bastonária, o CDS-PP pediu já uma audição com a responsável para esclarecimentos sobre a ausência de alimentação e medicação aos doentes.

ZAP / Lusa

1 Comment

  1. Desculpem, mas não acredito.
    Poderá haver atrasos e deficiências de funcionamento por pessoal a menos, isso acredito, agora, dizer que os doentes estiveram sem comer 2 dias e sem medicação, não acredito minimamente.
    Quanto ä alimentação, as empresas que fornecem os hospitais não deixaram de o fazer e tarefa de distribuir a alimentação pelos doentes está na esfera de competência dos auxiliares de enfermagem. Não houve greves nesse setor e continuam a ser os mesmos, em numero de profissionais, logo, não é plausivel aceitar que houve falhas na entrega da alimentação aos doentes. No dominio da medicação passa-se exatamente o mesmo, exclusão feita á medicação por via endovenosa bem como, a nível alimentar, alguns doentes com patologias especiais que não lhes é possivel a alimentação normal, de faca e garfo, e que por isso sejam alimentados por sonda nasogastrica, ( comida pastosa).
    Se dissessem que houve doentes a quem não foram dados alguns cuidados básicos que, estes sim, se encontram na esfera de competências dos enfermeiros, designadamente, pensos, aspiração e drenagem em doentes, aplicação de medicação endovenosa, alimentação pelas vias que referi, um acompanhamento personalizado dos doentes por via da visita regular que os enfermeiros fazem nas enfermarias, aí sim acreditava que poderiam existir falhas de 1 ou 2 dias.

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