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Economia paralela a crescer já dava para pagar mais de 20% da dívida portuguesa

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A economia paralela agravou-se nos dois últimos anos e já em 2013, dava para pagar 20% da dívida pública portuguesa. Num eterno jogo do gato e do rato, o Fisco apertou o cerco, mas continua sem conseguir apanhar muitos casos de actividades económicas não registadas.

O Observatório de Economia e Gestão de Fraude (OBEGEF) vai divulgar nesta quarta-feira os dados relativos às actividades económicas que ficaram fora do raio do fisco nos últimos dois anos.

Em 2013, os registos divulgados pelo OBEGEF apontam que a economia paralela valia cerca de 45,9 mil milhões de euros, o que é “quase cinco orçamentos destinados à Saúde“, nota o Dinheiro Vivo.

O jornal económico nota ainda que é “um montante equivalente a 20% da dívida pública portuguesa e a mais de metade do empréstimo que Portugal contraiu junto do FMI, BCE e Comissão Europeia”.

Estes números aumentaram em 2014 e em 2015, conforme refere ao Dinheiro Vivo Óscar Afonso, presidente do OBEGEF e um dos responsáveis pela elaboração do Índice da Economia Paralela.

“Neste dois últimos anos a tendência foi de crescimento”, destaca este responsável, sublinhando que esta subida não se deve apenas ao peso das actividades económicas em si, mas que também se justifica pelo crescimento do Produto Interno Bruto.

“A velha história do gato e do rato”

E se até 2008, os valores significativos da economia paralela se deviam a uma falta de meios de fiscalização adequados das Finanças e da Segurança Social, desde então, os principais motivos passaram a ser o aumento dos impostos e a crise em si.

“Não existem negócios que rendam; 23% e fugir ao IVA acaba por se traduzir num ‘desconto’ de 23%“, refere Óscar Afonso no Dinheiro Vivo que constata ainda que “também o desemprego, o peso das contribuições e a regulamentação excessiva acabam por potenciar desvios para a economia paralela”.

O ex-ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, constata na publicação que “o reforço dos mecanismos de controlo que foi sendo feito nestes últimos anos, principalmente no domínio fiscal, tornou as estratégias de fuga mais difíceis“.

“Isto é como a velha história do gato e do rato, em que este tenta sempre fugir. Mas o gato também é esperto e vai melhorando”, conclui Teixeira dos Santos.

ZAP

9 Comments

  1. Tão preocupados com a economia paralela mas com os paraísos fiscais ninguém se preocupa. Aí sim, há dinheiro a rodos a fugir aos impostos.

  2. Esta economia dá de comer a muita gente sem outra forma de sobreviver.Já diz o ditado:quem tudo quer, tudo perde.Baixem o IVA para uma taxa decente e arrecadarão muito mais dinheiro.Um pobre quer fazer uma casita e entre taxas camarárias, urbanísticas, ambientais, licenças, projecto e IVA a 23%, mais IMT para toda a vida com sol, chuva, vistas e o raio que os parta, só não foge se não puder.Quem pode criticar?

  3. Eu digo mais, acabem com 20% dos observatórios nacionais, que conseguiram pagar 80% da dívida, seja ela qual for, a dívida é claro.

  4. Não defendo a fuga dos impostos, muito pelo contrário, mas vejamos…basta fazer uma pesquisa na internet e deparamo-nos com o seguinte “As mil famílias mais ricas de Portugal não pagam impostos”, diz Catarina Martins”, e outra no youtube com o seguinte conteúdo “Contribuintes de alto rendimento que não pagam impostos” – https://youtu.be/xDJhLxia01A .Temos depois gestores na função pública a ganhar ordenados milionários, que somos todos nós a pagar, e que nem sequer precisam de declarar rendimentos, já para não falar em gestores do sector energético com ordenados que rivalizam com jogadores de elite de futebol. Com um país assim nem Deus nos vale…é uma questão cultural, Portugal é um país de parasitas e ladrões, e aqueles que roubam mais ainda se julgam uns heróis.

  5. Outro dos problemas é que aqueles que beneficiam da economia paralela são os mesmos que usufruem das benesses sociais tais como: isenção de propinas dos filhos, abonos de família mais altos, isenção de Taxas Moderadoras na Saúde (por insuficiência económica), isenção de IMI, etc…

  6. A questão da economia paralela tem muito que se lhe diga , desde logo o uso que a maquina do Estado dá aos nossos impostos .
    Quando começarem a penalizar pessoalmente quem gere mal esse dinheiro , ou a deixar de o atribuir a grupos de interesse, concretamente a fundações da treta ou através de benefícios sem fim ao funcionalismo publico por pressão dos sindicatos, talvez , que uma percentagem significativa dos que optam pela economia paralela , sintam que os impostos que pagam são para beneficio de todos e não só para alguns.

  7. Podem começar por procurar no Facebook por Photography, não vão faltar páginas de “Joaquims” e “Marias” Photography sendo que 90% deles são de actividade paralela, é só pedir uns orçamentos e voila!

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