A candidata democrata à Casa Branca, Hillary Clinton, venceu esta madrugada o primeiro debate contra o seu rival nas eleições de novembro, o republicano Donald Trump, de acordo com 62% dos inquiridos numa sondagem da televisão norte-americana CNN.
Entre os inquiridos, 41% identificou-se como democrata, enquanto 26% disse ser republicano. Os restantes disseram não ter filiação política.
Apenas 27% dos 521 inquiridos, todos eleitores registados, disse que foi Trump quem se saiu melhor no debate, realizado na Universidade de Hofstra (Nova Iorque), na segunda-feira à noite, contra 62% que atribuíram a vitória a Hillary Clinton.
A economia esteve no centro do primeiro confronto entre Donald Trump e Hillary Clinton no debate eleitoral desta madrugada, com o republicano a criticar a fuga de empresas para fora dos EUA e a democrata a acusá-lo de beneficiar da crise imobiliária.
Nos primeiros momentos do debate, Donald Trump culpou o México e a China pela fuga de empresas norte-americanas do país, que levaram à perda de empregos em zonas como Ohio e Michigan.
A democrata prosseguiu afirmando que Trump foi um dos magnatas do imobiliário que beneficiou com a crise económica que atingiu o país em 2008. “Donald foi um dos que se aproveitou da crise imobiliária”, assegurou a ex-secretária da Estado.
Clinton reiterou que um dos motivos principais porque a crise – “a pior desde a Grande Depressão” – aconteceu foi devido a um sistema semelhante ao que Trump quer promover, centrado no corte aos impostos dos mais ricos.
Donald Trump, por sua vez, criticou a condução da política económica da administração Obama, de que Clinton fez parte. “Vejam o Ohio e todos os outros estados onde se perdem postos de trabalho e onde as empresas não aguentam. Hillary, gostaria de lhe perguntar isto: tem responsabilidades políticas há 30 anos. Por que razão só se preocupa em apresentar soluções agora?“, questionou o candidato apoiado pelo Partido Republicano.
O duelo ficou ainda marcado pela polémica dos e-mails Clinton quando secretária de Estado, mas a candidata garantiu que cometeu “um erro” ao utilizar o seu correio eletrónico privado, assumindo “a responsabilidade” pelos atos que praticou.
O frente-a-frente durou 90 minutos, hora e meia de acusações cruzadas e interrupções mútuas, em que Hillary Clinton e Donald Trump quase ignorando quase por completo os esforços do moderador, o jornalista Lester Holt.
Trump e Clinton vão voltar a debater nos próximos dias 9 e 19 de outubro, em San Luis (Missouri) e em Las Vegas (Nevada), respetivamente.
Clinton culpa armas pela morte de afro-americanos
A candidata democrata culpou as armas pela violência que atinge a comunidade afro-americana enquanto o seu rival pediu “lei e ordem” para acabar com a tensão entre negros e polícia.
“Há duas palavras que a secretária Clinton não quer usar, que são lei e ordem“, salientou Trump, durante o primeiro debate entre os dois candidatos, em que considerou que a polícia “tem medo que fazer alguma coisa”, sendo por isso que se multiplicaram os tiroteios em cidades como Chicago.
Sobre o tema, Clinton propôs três medidas contra a tensão racial: restabelecer a confiança entre a polícia e as comunidades afro-americanas, treinar os agentes e combater a “epidemia” da violência armada, que ceifa, de forma desproporcionada, a vida de jovens afro-americanos.
Ainda em questões raciais, Clinton acusou o seu rival na corrida deste ano à Casa Branca de lançar a sua carreira política através do apoio à teoria “racista” que questionou a cidadania do atual Presidente norte-americano, Barack Obama.
Segundo a ex-secretária de Estado, Trump tentou recentemente fechar o assunto ao admitir que o Presidente nasceu, de facto, nos Estados Unidos, como forma de evitar embaraços.
“Mas isto não pode ser descartado tão facilmente. Ele realmente começou a sua atividade política com base nesta mentira racista de que o nosso primeiro Presidente negro não é um cidadão norte-americano”, afirmou Clinton.
“O Donald começou a carreira política em 1973 sendo processado pelo Departamento de Justiça por discriminação racial, porque não alugou apartamentos a cidadãos afro-americanos que trabalhavam para ele. Ele queria certificar-se que as pessoas compreendiam que essa era a política. Na verdade, foi processado por duas vezes pelo Departamento de Justiça e tem um longo histórico de incitamento ao comportamento racista”, afirmou a candidata do Partido Democrata durante o debate da campanha para as eleições de novembro, que decorreu em Nova Iorque.
Trump culpa Clinton por caos no Médio Oriente
O candidato republicano à Casa Branca acusou Hillary Clinton de deixar um rasto de caos no Médio Oriente quando foi secretária de Estado, enquanto a sua rival criticou o “desprezo” do milionário pelos muçulmanos.
“Olhamos para o Médio Oriente, é o caos total, [e foi] durante a sua liderança, em larga medida”, disse Trump esta madrugada, durante o primeiro debate entre os dois candidatos à Presidência dos Estados Unidos nas eleições de novembro.
Segundo Trump, Obama deve deixar cerca de “dez mil soldados ou mais” para manter a estabilidade no país e proteger, por exemplo, a infraestrutura petrolífera, cuja exploração encheu os cofres dos extremistas.
Clinton recordou que a saída das tropas foi fruto de um acordo assinado pelo então Presidente, George W. Bush, e o Governo do Iraque, no qual Obama não esteve envolvido.
O republicano assegurou ainda que nunca apoiou a invasão do Iraque e acusou a imprensa de fabricar esse apoio. “Donald apoiou a guerra do Iraque”, atirou a democrata, sendo interrompida por Trump que afirmou repetidamente “errado, errado, errado”.
Nesse momento, o moderador, Lester Holt, recordou que, em 2002, Trump manifestou o seu apoio à guerra numa entrevista, ao que Trump respondeu que tal informação foi “inventada” pela imprensa.
Nessa entrevista, quando questionado sobre se apoiava a intervenção, Trump disse: “Suponho que sim”, uma afirmação que ontem o candidato diz ter significado: “Quem sabe”.
O magnata acusou o atual Presidente, Barack Obama, e a sua administração, de que fazia parte Hillary Clinton, de promover o aparecimento do grupo extremista do Estado Islâmico ao sair do Iraque em 2011.
Durante a sua campanha, Trump apelou à proibição temporária da entrada no país de todos os muçulmanos. A democrata Hillary Clinton defendeu, por seu lado, a importância de trabalhar com as comunidades muçulmanas, “dentro e fora” dos Estados Unidos, para combater o terrorismo.
Clinton criticou o “desprezo” do seu rival pelos muçulmanos e defendeu que esta comunidade é uma importante aliada e pode ter um papel fundamental na disponibilização de informação sobre células terroristas, também no Médio Oriente.
“Donald insultou constantemente os muçulmanos aqui e no estrangeiro (…) Eles podem dar-nos informação que mais ninguém pode”, assegurou a ex-secretária de Estado durante o debate na Universidade de Hofstra (Nova Iorque).
Durante o debate, Trump defendeu também afirmações anteriores em que questionou alianças de longa data dos Estados Unidos, como a do Japão, país que considera ter de pagar por esse apoio.
“Não podemos ser os polícias do mundo, não podemos proteger países em todo o mundo, onde não nos estão a pagar aquilo que precisamos”, afirmou.
O republicano disse ainda que a democrata não tem “energia” suficiente para ser Presidente, depois de Clinton ter tido uma pneumonia.
“Não acredito que realmente tenha essa energia. Para ser Presidente deste país é preciso ter uma energia tremenda”, afirmou.
Clinton respondeu: “Bom, quando ele viajar para 112 países e negociar acordos de paz, cessar-fogos, libertação de dissidentes, ou passar 11 horas a testemunhar perante um comité do congresso, então pode falar-me de energia“.
ZAP / Lusa
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