A falta de médicos no Serviço de Urgências de Albufeira, no Algarve, está a deixar os doentes à espera, em média, durante seis horas e a gerar um coro de críticas e muitas queixas. A GNR teve mesmo que ser chamada ao local.
O facto de haver um único médico a atender no Serviço de Urgência Básica (SUB) de Albufeira, no Algarve, durante a tarde e início da noite de domingo, levou a que os doentes tivessem que esperar, em média, seis horas para serem atendidos.
A agência Lusa falou com um utente que esteve nas urgências no domingo à noite, com a mulher e o filho de três anos.
O homem relata que chegaram às 19h45 horas e que a mulher, que recebeu a pulseira amarela, foi atendida pelo médico às 22h40, enquanto o filho, com a pulseira verde, só foi visto à meia-noite.
De acordo com o mesmo testemunho, a GNR foi chamada a intervir, por volta das 22 horas, por causa da confusão instalada com os utentes revoltados.
Muitos terão optado por abandonar o SUB perante a demora no atendimento e exigiam a devolução do dinheiro da taxa moderadora, paga no ato de inscrição.
A situação caótica nas urgências do SUB, integrado no Centro Hospitalar do Algarve (CHA), já levou ao destacamento de um médico que estava de serviço em Faro para Albufeira. Uma medida que visa completar a equipa de dois médicos que deveriam estar a trabalhar.
O presidente do Conselho de Administração do CHA, Joaquim Ramalho, reconhece a existência de uma falha nas escalas, por um médico contratado ter faltado, mas garante que a equipa foi reforçada com um médico que estava de serviço no hospital de Faro.
Este responsável também aponta à Lusa que, pouco depois da meia-noite de segunda-feira, os tempos médios de espera no SUB de Albufeira para as pulseiras verdes (menos graves) rondavam as cinco horas, enquanto para as amarelas (intermédias) eram de cerca de duas horas.
Bastonário critica Ministério por “dependência” de empresas
O bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, refere à Lusa que foi informado da falta de médicos neste SUB, que tem de ter pelo menos dois clínicos ao serviço, devendo ser mais nesta época do ano, numa região onde se encontram tantos turistas e ainda por cima com elevadas temperaturas que motivaram alertas das autoridades.
“Fazem-se planos para as ondas de calor, mas depois não há médicos e não há médicos porque estes serviços continuam a depender de empresas” que fornecem médicos, salienta o bastonário.
Para o responsável, “é inadmissível que estes serviços continuem a recorrer às empresas e que tudo continue igual, mesmo depois do ministro da Saúde ter garantido acabar rapidamente com esta dependência”.
“O Estado, em vez de fazer contratos estáveis com médicos, continua a privilegiar as empresas como fornecedoras de mão-de-obra”, adianta ainda, lamentando “o desespero” do único médico que estava de serviço, bem como dos doentes que têm de esperar horas para serem atendidos.
ZAP / Lusa