Isabel dos Santos e o CaixaBank, os dois maiores acionistas do BPI, estão de novo a negociar uma solução para a instituição.
Em entrevista à TSF, o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, revelou que a Santoro Finance, da empresária angolana, e o grupo catalão estão mais uma vez sentados à mesa das negociações para reduzir a exposição do banco a Angola, exigida pelo Banco Central Europeu (BCE), que deve passar pela saída do Banco de Fomento de Angola (BFA).
Manuel Caldeira Cabral afirma que “está a haver outra vez um trabalho de aproximação das partes”, mas descarta que o Governo se envolva novamente de forma direta no processo.
“É tempo de deixar espaço para que as partes encontrem um acordo”, defende.
Na segunda-feira, o CaixaBank anunciou a intenção de lançar uma Oferta Pública de Aquisição de ações (OPA) voluntária sobre o BPI, oferecendo 1,113 euros por cada ação do banco que não controla (55,9%).
Esta operação estaria condicionada à eliminação da limitação de 20% nos direitos de voto do BPI, a alcançar mais de 50% do capital do banco e à obtenção das autorizações regulatórias, algo que passa a ser possível a partir de 1 de julho, quando entra em vigor um diploma promulgado por Marcelo Rebelo de Sousa na segunda-feira, depois de a empresária angolana e o CaixaBank não terem chegado a acordo no prazo imposto pelo BCE.
O diploma, que permite desblindar os estatutos do banco – pondo fim à limitação dos direitos de voto no BPI e permitindo a OPA do grupo espanhol à instituição -, foi criticado por Isabel dos Santos, que diz que a lei beneficia o CaixaBank.
O ministro preferiu não comentar “a posição negocial de uma das partes numa negociação que é privada”, sublinhando que “há interesse de todos os acionistas em encontrar uma solução que mereça um consenso”.
“Temos que deixar espaço a que as partes encontrem o acordo e parece-me que aqui há uma parte do Governo de facilitação, de tentativa de promover uma solução mais consensual – porque é um tema sensível – e não queremos que isto afete as nossas relações com Angola, que isto dê algum sinal às empresas de menor confiança”, referiu o ministro.
Manuel Caldeira Cabral acredita que seja encontrada uma solução e sublinha que “os principais acionistas também acreditam, senão não estariam outra vez a conversar e a tentar encontrar soluções. E mesmo que não haja consenso, há uma solução”, garante.
Este sábado, o Expresso noticia que o Governo angolano está a preparar uma resposta à lei portuguesa. “O Expresso apurou que está já preparado um decreto presidencial, com o fim de retirar os direitos de voto à maioria dos 51% detidos pelo BPI no Banco de Fomento de Angola (BFA)”.
Com esta operação, refere o semanário, “a Unitel, empresa liderada por Isabel dos Santos, detentora de 49% no capital do BFA, passaria a dominar uma das mais rentáveis instituições financeiras de Angola”.
ZAP