Um em cada oito infetados com o novo coronavírus em Portugal é profissional de saúde. O número de médicos, enfermeiros, auxiliares e outros trabalhadores de hospitais e centros de saúde que estão contagiados não pára de aumentar.
De acordo com os dados mais recentes, 13% dos casos positivos são profissionais de saúde. Dos 835 infectados, 209 são médicos e 177 enfermeiros. Os restantes são auxiliares, técnicos e outros profissionais de saúde.
Porém, de acordo com o jornal Público, os representantes dos médicos e dos enfermeiros estão convencidos de que estes números estão longe de corresponder à realidade.
Jorge Roque da Cunha, secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), adiantou ao Público que “há já dez médicos internados nos cuidados intensivos”.
Roque Cunha acredita que os dados dos casos positivos estão “subreportados” e lamenta a “insensibilidade que o Ministério da Saúde manifesta em relação aos seus profissionais”, por continuar a ser obrigatório testar apenas os que têm sintomas da infeção.
Segundo a bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, também há enfermeiros “em estado grave, nos cuidados intensivos”. A bastonária não precisa o número.
Por não acreditar nos números que têm sido avançados, a bastonária decidiu colocar esta terça-feira no site da Ordem dedicado à doença um questionário que pede para ser respondido com urgência e dirigido a todos os enfermeiros que “estão na linha de defesa da pandemia da covid-19”.
“Podíamos ter evitado que a situação chegasse a este ponto. E ainda podemos evitar que se agrave. Os médicos deviam ser testados de 15 em 15 dias. Os países que estão a ter sucesso [no combate à pandemia] fazem isso”, afirmou o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães.
De acordo com o semanário Expresso, os técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica, que andam com doentes infetados nos corredores dos hospitais e desempenham o papel principal dentro dos laboratórios clínicos onde são feitos os testes, sentem-se excluídos pelo Governo e pela opinião pública.
Segundo a denúncia do Sindicato Nacional dos Técnicos Superiores de Saúde de Diagnóstico e Terapêutica, estes técnicos foram impedidos de entrar em supermercados nos horários prioritários para profissionais de saúde, mesmo apresentando cédula profissional, porque “só estavam autorizados médicos e enfermeiros”.
Em Itália e em Espanha, milhares de médicos, enfermeiros e outros trabalhadores dos hospitais e centros de saúde ficaram infetados e dezenas morreram.