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O volátil, inóspito e sufocante Vénus pode afinal ter oceanos de água debaixo da crosta

Paul K. Byrne / NASA / USGS

Devido à elevada temperatura da atmosfera de Vénus, caso a crosta se abrisse, os oceanos de água transformar-se-iam imediatamente em vapor.

Conhecido por ser um planeta com uma atmosfera quente e sufocante de dióxido de carbono e nuvens amarelas de ácido sulfúrico que retêm todo o calor até temperaturas que causariam a morte instantânea e que tornam a vida practicamente impossível, Vénus pode afinal não ser assim tão diferente da Terra.

Segundo um novo estudo, o segundo planeta mais próximo do Sul pode ter oceanos de água presos debaixo da sua crosta. Dada a elevada temperatura do planeta, caso a crosta se abrisse, essa água transformar-se-ia instantaneamente em vapor.

Isto não significa que Vénus se possa terraformar, o que provavelmente nunca vai acontecer. No entanto, caso seja possível acessar o reservatório de água debaixo da crosta do planeta, podemos ganhar mais conhecimento não só sobre Vénus como de outros planetas além do Sistema Solar.

Segundo o Interesting Engineering, os cientistas já tinham sugerido anteriormente que o vapor colossal e as atmosferas de dióxido de carbono podem ser exsudados por oceanos de magma na Terra e noutros planetas rochosos.

Nos planetas rochosos, a distribuição de elementos voláteis como carbono, hidrogénio e oxigénio, nos componentes planetários primários, que incluem o núcleo, o manto e a atmosfera externa, determinam e regulam a forma como a atmosfera de um planeta rochoso se cria inicialmente e como evolui ao longo do tempo.

À medida que o planeta é martelado por mais e mais meteoros ricos em recursos, forma-se o núcleo de ferro e um oceano de magma à superfície. É desta forma que planetas rochosos semelhantes à Terra se formam, mas uma porção significativa de carbono e hidrogénio passam por ciclos geoquímicos de curto e longo-prazo.

“A exsudação de gás de H2O (vapor de água) de minerais hidratados para simular impactos durante a acreção planetária motivou a investigação sobre o efeito de abafar a atmosfera de vapor acima da recém-formada Terra fundida”, escrevem os autores do estudo.

Mas a criação de atmosferas desta forma pode ser dependente de trocas intensas com o interior fundido do planeta rochoso. O estudo determinou que as reacções complexas que acontecem quando o magma de um planeta é exposto previnem aproximadamente 75% de água contida dentro dele de escapar para a atmosfera, o que pode atrasar ou prevenir a formação de oceanos à superfície do planeta.

A investigação concluiu também que uma grande quantidade da água depositada nos planetas rochosos durante os seus primeiros e formativos anos pode manter-se presa dentro dos seus interiores durante a “fase do oceano de magma“. Isto significa que a água contida dentro só poderia escapar durante períodos geológicos muito graduais.

“Em última análise, a alta solubilidade de H2O nos oceanos de magma pode permitir o seu armazenamento seguro durante a fase tumultuosa da formação do planeta”, rematam.

ZAP //

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