Uma equipa de investigadores da Universidade de Aveiro desenvolveu uma capa para o volante do carro que usa pequenos sensores para monitorizar os sinais vitais do condutor e avisá-lo quando é altura de parar e descansar.
Ao mesmo tempo, permite criar uma espécie de impressão digital- a partir do batimento cardíaco do condutor -, que regista quem tinha as mãos ao volante e qual era o estado emocional da pessoa em qualquer ponto da viagem.
“A pele tem condutividade elétrica. E, de certa forma, as nossas mãos funcionam como dois elétrodos de onde podemos extrair informação. Por exemplo, o batimento cardíaco”, explica ao Público a investigadora Helena Alves, da Universidade de Aveiro, que coordena a equipa no Instituto de Materiais de Aveiro (CICECO) responsável pela criação do volante.
“O nosso volante permite medir se o condutor está nervoso, ou fatigado, e alertar para elevados níveis de ansiedade que podem dificultar a condução”, resume Alves.
Os sinais captados pelos sensores são analisados em tempo real por um algoritmo desenvolvido no Instituto Superior Técnico e no Instituto de Telecomunicações, no pólo de Lisboa, pela equipa da investigadora Ana Fred.
Em 2017, esta equipa patenteou um método para reconhecimento biométrico contínuo baseado em sinais gráficos de eletrocardiogramas. Baseia-se na identificação de padrões a partir de extensas bases de dados. Além de ver a tecnologia em volantes de carros, a equipa de Fred espera que seja incorporada em bancos de carros e guiadores de motas.
O volante desenvolvido em Aveiro não se limita a avaliar o cansaço do condutor. “Conhecer o batimento cardíaco também pode servir para identificar o condutor. Isto é útil, por exemplo, para empresas de camionagem que querem garantir a identidade dos condutores”, avança Helena Alves.
“Neste caso, a informação sobre o estado emocional do condutor pode ser utilizada para seguradoras avaliarem a responsabilidade em casos de acidente”, explica a investigadora.
O protótipo criado por Helena Alves envia a informação recolhida, via bluetooth, para aparelhos eletrónicos, como um computador, telemóvel ou relógio inteligente. No futuro, a investigadora quer que a informação recolhida pelo volante seja associada a sistemas de alerta no próprio carro como um sinal sonoro.
Este tipo de tecnologia deve-se tornar mais comum em veículos nos próximos anos. A partir de maio de 2022, todos os automóveis novos vendidos na União Europeia terão de vir equipados com tecnologias de segurança deste tipo que, que incluem sistemas para avisar os condutores em caso de distração e de sonolência. De acordo com a Comissão Europeia, entre 10 a 20% dos grandes acidentes de automóvel são causados pela fadiga.