Luís Montenegro pode ficar em maus lençóis se Bolieiro ganhar no próximo domingo. Mais uma vez, o Chega no centro da questão.
O primeiro de três (ou quatro) actos eleitorais de 2024 em Portugal realiza-se já no próximo domingo, 4 de Fevereiro.
Nos Açores, tal como a nível nacional, o resultado é imprevisível. Não se sabe se ganha o PS (está na frente nas sondagens) ou a coligação PSD/CDS-PP/PPM. E não se sabe que acordo haverá – e se haverá acordo.
Os números apontam para um cenário semelhante ao que aconteceu nas eleições legislativas de 2020. Ou seja, o PS pode ser novamente o partido mais votado mas o Governo pode ser novamente formado com um acordo à direita.
Dois partidos serão essenciais em eventuais acordos pós-eleitorais: PAN, nas contas de um Governo liderado por PS; Chega, para um Governo liderado pela coligação de direita.
O PAN poderá apoiar um Governo à esquerda. Mas, no caso do Chega, aí já haverá mais “conversa”.
Quando foram as eleições na Madeira, em Setembro, Luís Montenegro assegurou que o PSD não faria acordos com o Chega, nem na Madeira, nem no resto do país.
No entanto, o líder do PSD nos Açores (que fez um acordo “muito cirúrgico” com o Chega em 2020) e ainda presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, teve uma reacção diferente: não excluiu novo acordo com o Chega, em entrevista ao jornal Observador. “Quero validar a minha confiança na decisão do povo, que me dará uma maioria estável”.
André Ventura disse aos jornalistas que esta postura de Bolieiro “é uma atitude mais inteligente que a de Luís Montenegro, que devia ter aprendido alguma coisa com o José Manuel Bolieiro.”
Ou seja, prevê-se que vai mesmo haver acordo à direita com o Chega, nos Açores – caso os resultados no domingo o justifiquem.
“Isso cria um grande problema ao PSD nacional”, avisa Ana Sá Lopes no Público.
Se se confirmar uma aliança com o Chega, o PSD nacional “vai levar um rombo enorme, gigantesco” nas legislativas do dia 10 de Março, descreveu a comentadora política. “E isto é um bombom” para o PS nacional.
Ou seja, um Governo de esquerda nos Açores não iria deixar o PSD/Açores satisfeito, obviamente; mas formar Governo no arquipélago com o Chega poderá significar uma derrota clara do PSD a nível nacional, um mês depois. Uma vitória do PS nos Açores retira esse dilema ao PSD.
Ana Sá Lopes prevê para Março uma repetição do que terá acontecido nas legislativas nacionais em 2022: “voto útil” no PS para não ver o Chega a assinar um acordo com o Governo de direita.
O Chega é o bicho papão… Os outros são todos sérios.
Só há dois tipos de partidos, Ex-Lenine: os que já chegaram ao poder, e os que ainda não lhe puseram a mão em cima.
E só há dois tipos de partidos que ainda não chegaram ao poder: os que quando chegarem vão roubar, e os que quando chegarem vão matar.
Assim, simples.