A esquerda socialista no poder em França sofreu hoje uma pesada derrota nas eleições locais, batida pela oposição de direita do ex-presidente Nicolas Sarcoky, que conquistou entre 64 e 70 circunscrições em 101, segundo as projeções dos institutos de sondagens.
Hoje, “ficou patente o repúdio em relação ao poder; foi a negação, a impotência, que foi sancionada”, sublinhou o líder do partido de direita UMP, Nicolas Sarkozy, presidente francês entre 2007 e 2012.
“A rejeição em relação ao poder é absolutamente definitiva. Nunca uma maioria tinha perdido tantas circunscrições. Nunca um Governo em funções tinha suscitado uma tal desconfiança e uma tal rejeição”, sustentou Sarkozy.
Estas eleições eram encaradas, em França, como um teste para as próximas presidenciais, agendadas para 2017. Cerca de 40 milhões de franceses foram chamados a votar. A participação aumentou cerca de 50 por cento, segundo as empresas de sondagens.
A esquerda detinha até agora 61 circunscrições em 101. Hoje à tarde, as projecções indicavam que vai perder a liderança de entre 27 e 37 circunscrições.
A esquerda mostrou-se “demasiado dispersa” e “sofreu um claro recuo”, admitiu numa mensagem o primeiro-ministro socialista, Manuel Valls, que nas últimas semanas multiplicou as tentativas para deter a Frente Nacional (FN) de Marine Le Pen.
Entre as suas perdas mais simbólicas estão Corrèze (sudoeste), departamento do Presidente francês, François Hollande, e Essonne, perto de Paris, bastião do primeiro-ministro, onde se registou uma viragem à direita.
O chefe do Governo reconheceu uma “vitória incontestável” para “a direita republicana”, que atribuiu às divisões “da esquerda, demasiado dispersa”, e lamentou também “os resultados demasiado elevados” da FN.
Extrema-direita admite fracasso
A Frente Nacional, de extrema-direita, granjeou muitos mandatos na segunda volta do escrutínio, mas o partido de Marine Le Pen não estava certo de vencer o desafio de ganhar em pelo menos uma circunscrição.
A FN, que encarava a hipótese de uma vitória pela primeira vez na sua história, tinha em vista a circunscrição de Vaucluse, onde se instalou Marion Maréchal-Le Pen, sobrinha da presidente da FN e estrela em ascensão do partido.
A extrema-direita contava também impor-se no norte de França, nos departamentos de Aisne e Pas-de-Calais.
Os resultados finais das eleições viriam no entanto a confirmar que a Frente Nacional não conseguiu conquistar nenhuma circunscrição, admitiu o número dois da formação política, Florian Philippot.
“Está confirmado”, declarou Philippot, inquirido pela agência de notícias francesa, AFP, sobre se confirmava que o seu partido não ganhara em nenhum departamento, apesar de ter obtido mais votos.
Uma vitória da Frente Nacional pelo controlo de um departamento teria constituído uma estreia histórica, após os seus avanços nas municipais e nas europeias de 2014.
ZAP / Lusa