Vitória com cheiro a derrota. PP de Feijóo falha maioria com Vox, Sánchez pode ser o último a rir

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Partido Popular de Galicia / Flickr

O líder do Partido Popular, Alberto Núnez Feijóo

Os conservadores do Partido Popular (PP) venceram as eleições legislativas de hoje em Espanha, mas sem conseguir uma maioria absoluta com o VOX, segundo os resultados provisórios divulgados pelo Governo espanhol. O PSOE do primeiro-ministro Pedro Sánchez perde, mas ganha 2 deputados.

O PP de Alberto Núñez Feijóo, venceu as eleições legislativas deste domingo, tendo eleito 136 deputados — mais 47 do que os 89 das últimas eleições legislativas, mas longe do resultado apontado pelas primeiras projeções (150) e da maioria absoluta (176) no parlamenyo espanhol.

O VOX, com 33 deputados eleitos, foi a terceira formação mais votada, mas perde 17 dos 50 deputados que tinha. Somados os deputados eleitos pelos dois partidos de direita (169), PP e VOX ficam a 7 deputados da maioria absoluta.

O PSOE, com 122 deputados (mais 2 do que nas anteriores legislativas), e o Somar, que integra partidos de extrema-esquerda que faziam parte do Unidas Podemos, com 31 eleitos, totalizaram 153 lugares no parlamento e poderão ter mais deputados do que a direita com os aliados da última legislatura.

Com estes resultados, é provável que Feijóo não consiga fazer passar no parlamento o seu programa de governo, sendo neste momento provável a reedição de uma “geringonça à Espanhola” que mantenha Pedro Sánchez à frente do governo.

Entre as formações políticas das autonomias regionais, a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) sofreu um revés, caindo de 13 para 7 deputados, o Juntos pela Catalunha perdeu um e ficou com seis, e no País Basco o EH-Bildu superou o Partido Nacionalista Basco pela primeira vez, com seis deputados contra cinco.

O Bloco Nacionalista Galego manteve o seu único lugar, a Coligação das Canárias ganhou um, tal como a União do Povo Navarro, de modo que a nova câmara será composta por onze partidos diferentes.

A taxa de participação foi de 70,32%, correspondente a mais de 23,9 milhões de votos, com a abstenção a atingir 29,67%. Em 2019, a abstenção tinha sido de 33,76%.

Estas são as XVI eleições gerais em Espanha desde o fim da ditadura, em 1977, e foram chamados a votar 37.469.142 eleitores, para escolherem 350 deputados e 208 senadores.

As eleições estavam previstas para dezembro, no final da legislatura, mas foram antecipadas por Sánchez na sequência da derrota da esquerda nas municipais e regionais de 28 de maio.

Deixem-me governar

O presidente do Partido Popular pediu aos outros partidos do país que o deixem formar governo, apesar de ter vencido as legislativas deste domingo sem maioria absoluta, e que não se crie um “bloqueio“.

Alberto Núñez Feijóo afirmou que como líder do “partido mais votado” vai “abrir o diálogo” de imediato com outros partidos que elegeram deputados e “tentar formar governo”, “de acordo com os resultados eleitorais e a vitória eleitoral” do PP.

O líder do PP, que falava aos militantes que se concentraram hoje em frente da sede do partido em Madrid, insistiu que essa foi “a vontade expressa pelos espanhóis” e pediu que “ninguém tenha a tentação de voltar a bloquear Espanha”.

A anomalia de não governar o partido mais votado só tem como alternativa o bloqueio”, sublinhou Feijóo, que considerou que esse cenário “não beneficia Espanha” e prejudica “o prestígio internacional” do país, “a quarta economia do euro”.

O presidente do PP pediu “expressamente” ao partido socialista do primeiro-ministro, Pedro Sánchez, para não bloquear a formação de um novo governo e sublinhou que em Espanha sempre governou o líder do partido mais votado.

Feijóo, que foi presidente do Governo Regional da Galiza entre 2009 e 2022 e assumiu a liderança do partido em abril do ano passado, sublinhou que os populares não ganhavam há sete anos umas eleições legislativas nacionais em Espanha.

Superámos o partido socialista em votos e lugares no parlamento”, afirmou, depois de sublinhar que o PP venceu as eleições deste domingo em 40 dos 52 círculos eleitorais de Espanha.

Congratulando-se com o “exemplo cívico” dos espanhóis que foram hoje votar apesar das “temperaturas insuportáveis” em várias regiões, voltou a comprometer-se com uma mudança na lei que proiba eleições em julho e agosto.

Fracasso do bloco do retrocesso

O líder do PSOE e atual primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, celebrou o “fracasso do bloco do retrocesso”, depois de o PP e o VOX terem ficado aquém de uma maioria nas eleições legislativas.

Somos mais, muitos mais, os que queremos que Espanha avance, e assim continuará a ser”, afirmou Sánchez, reagindo antes mesmo do líder do Partido Popular aos resultados que deram aos conservadores uma vitória, mas sem conseguir alcançar uma maioria, mesmo com apoio do VOX.

Obrigada, de coração, aos verdadeiros protagonistas: todos os espanhóis e espanholas que votaram e demonstraram um comportamento democrático exemplar [nas eleições legislativas de hoje]”, disse Sánchez após o anuncio dos resultados finais.

O líder do PSOE considerou que a aliança de direita saiu derrotada por não ter conseguido a maioria absoluta, mas não deu qualquer indicação sobre o que fará em relação à formação de um novo executivo.

Para Pedro Sanchéz, “Espanha e todos os cidadãos que votaram foram claros: o bloco do retrocesso fracassou”.

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. Como é que a xuxalhada deu em tomar o poder à custa de derrotas eleitorais, na Península Ibérica? Em quase 50 anos nunca houve esse despudor. Fala-se muito da ultra direita mas o extremismo esquerdista anda por aí de forma descomedida e terrivelmente insaciável.

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