Virgínia, que possui o recorde de execuções nos Estados Unidos, tornou-se esta terça-feira o primeiro estado norte-americano do antigo sul segregacionista a abolir a pena de morte.
“Atualmente, não há lugar para a pena de morte neste estado, no sul e neste país”, disse o governador democrata Ralph Northam, numa cerimónia na prisão de Greensville, onde até agora eram levadas a cabo as execuções.
A abolição da pena de morte é “a coisa certa a fazer”, disse.
“Não se pode infligir essa punição final sem se ter 100% de certeza de que isso é o mais correto, sabendo que o sistema não funciona da mesma forma para todos”, acrescentou, lembrando que 296 dos 377 presos executados no século XX eram afro-americanos.
Após debates muito tensos, as duas Câmaras Estaduais votaram a favor de uma lei para abolir a pena de morte no início deste ano.
A Virgínia junta-se a 22 outros estados norte-americanos onde a pena de morte já foi abolida, mas a decisão é ainda mais simbólica porque nenhum estado do antigo sul confederado deu ainda esse passo.
O governador Northam apontou para a “longa e complicada” história da Virgínia, onde “o racismo e a discriminação” do passado “se repetem hoje no sistema judiciário”.
Os colonos europeus que se estabeleceram em Jamestown concretizaram em 1608 a que é considerada a primeira execução em solo norte-americano, a de um capitão acusado de espionagem.
Desde então, a Virgínia executou 1.391 condenados, de acordo com o Centro de Informações sobre Pena de Morte (DPIC), mais do que qualquer outro território dos Estados Unidos.
Foi também na Virgínia que os primeiros escravos capturados em África desembarcaram no novo mundo, em 1619.
Jamestown foi o primeiro assentamento britânico fundado em caráter permanente no continente norte-americano a 14 de maio de 1607, no atual estado norte-americano de Virgínia.
Jamestown foi a capital da colónia durante 83 anos, entre 1616 até 1699.
ZAP // Lusa