Videojogos podem estar a ser usados para espalhar ideologia extremista e preparar ataques

Os videojogos ‘online’ podem estar a ser usados ​​para propagar ideologias extremistas e para preparar ataques terroristas, afirmou o coordenador antiterrorista da União Europeia (UE), Gilles de Kerchove.

A 09 de novembro, Gilles de Kerchove já tinha apresentado uma proposta de Lei dos Serviços Digitais na Comissão Europeia para conter os excessos da tecnologia e o discurso de ódio na Internet, avançou na quinta-feira o Diário de Notícias.

“Não estou a dizer que todo o setor de jogos seja um problema. Há dois mil milhões de pessoas a jogar ‘online’ e muito bem, mas também há grupos de extrema direita na Alemanha que criaram jogos em que o objetivo é disparar em árabes, ou em Soros [bilionário americano nascido na Hungria] ou na Sra Merkel (Chanceler alemã), etc”, disse o responsável à agência AFP.

Os jogos ‘online’ podem ser “uma forma alternativa de espalhar a ideologia, principalmente, da extrema direita”, mas também “uma forma de lavar dinheiro”, uma vez que “há moedas criadas em jogos que podem ser trocadas por moeda legal”, indicou. Também “podem ser usados como forma de comunicação, uma vez que é tudo criptografado”, e até “podem ser uma forma de testar cenários de ataque”, destacou.

O Parlamento Europeu está igualmente a discutir a eliminação de conteúdos ‘online’ considerados terroristas no espaço de uma hora e a possibilidade de as autoridades da UE poderem ler as comunicações criptografadas com um mandado.

“Ninguém em Bruxelas quer reduzir a criptografia. Pelo contrário, somos a favor de mais criptografia. Mas será correto que não sejamos capazes de identificar quem está por trás de um endereço IP e a postar fotografias de violações de crianças? Como é que podemos ter acesso a um SMS, mas não podemos acessar ao mesmo conteúdo numa mensagem do Whatsapp? Isto é lógico?”, questionou.