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Do Que se Lixe a Troika ao Vida Justa. Há um novo movimento de protesto que nasceu nos bairros sociais

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Dino D’Santiago / Facebook

O cantor Dino D´Santiago.

O cantor Dino D´Santiago.

“Justiça e igualdade para acabar com a crise”. É este o mote do novo movimento de protesto “Vida Justa” que convoca uma manifestação, em Lisboa, para 25 de Fevereiro para defender “quem trabalha”, e pressionar o Governo a tomar medidas contra a crise.

O “Vida Justa” tem no seu núcleo central figuras ligadas ao activismo social nos bairros mais pobres de Lisboa e da Margem Sul. Mas também inclui alguns dos elementos que criaram o “Que se Lixe a Troika”, em 2012, nos tempos do Governo de Passos Coelho.

A primeira iniciativa do novo movimento, lançado nesta semana, com o aparecimento de perfis em redes sociais como o Facebook, é uma manifestação para 25 de Fevereiro, em Lisboa.

Entre os subscritores do “Vida justa” encontram-se figuras como o músico Dino d’Santiago, a actriz Ana Sofia Martins, a jornalista Alexandra Lucas Coelho, a escritora Joana Bértholo e o historiador Manuel Loff.

Mas também inclui estudantes, estagiários, bolseiros, investigadores e professores, bem como profissionais de outras e variadas áreas, incluindo empregadas domésticas, geógrafos e jornalistas.

Tem igualmente reformados e sindicalistas, rappers como Chullage, LBC e Kromo do Gueto, ou figuras como o campeão Mundial de Jiujitsu, Bruno Borges “Tchola”, e a deputada municipal em Lisboa Daniela Cartaxo Serralha, eleita como independente.

Além disso, é composto por dirigentes associativos e activistas de bairros sociais como a Cova da Moura, no distrito de Almada, ou outros de Setúbal. Os colectivos Frente Anti-Racista e SOS Racismo estão também entre os subscritores.

Medidas para defender quem trabalha

No manifesto do “Vida Justa”, intitulado “Basta de aumento dos preços”, defende-se que “há uma guerra contra as populações mais pobres que tem de parar”.

O movimento nota que “as pessoas têm de ter o poder de exigir um caminho mais justo que distribua igualmente os custos desta crise”. “Não pode ser sempre o povo a pagar tudo, enquanto os mais ricos conseguem ainda ficar mais ricos”, salienta ainda.

Assim, em nome de “uma vida digna”, exige-se “um programa de crise que defenda quem trabalha”. Entre as propostas para esse efeito, o “Vida Justa” inclui tabelar os preços da energia e dos alimentos essenciais, congelar os juros dos empréstimos das casas, impedir a especulação nas rendas das casas e proibir os despejos.

Mas também é preciso “um aumento geral dos salários acima da inflação” e “medidas para apoiar os comércios, as pequenas empresas e os postos de trabalho locais”, valorizando “económica e socialmente os trabalhos mais invisíveis como o de quem trabalha na limpeza“, nota o mesmo manifesto.

É essencial “dar passos para construir uma rede e multiplicar acções que dêem mais poder às pessoas e que consigam impor políticas que defendam as populações e quem trabalha“, salienta-se.

“Uma guerra aos trabalhadores”

“As pessoas são vítimas de uma sociedade que acha normal pagar mal a quem trabalha”, consideram ainda os subscritores do movimento, lamentando que há quem tenha que escolher entre “aquecer as suas casas ou comer”.

“Todos os dias, vemos os lucros das petrolíferas e das grandes empresas a crescerem, e os salários de quem trabalha a desaparecerem“, lamentam também.

“O Governo está mais preocupado em pagar a dívida pública do que em ajudar a maioria das pessoas a resistirem a esta crise”, critica-se, considerando que com “sanções cegas” à Rússia que não acabam com a guerra na Ucrânia, o que existe é uma “guerra às pessoas que trabalham” que dá “ainda mais dinheiro aos ricos, enquanto baixam, cada vez mais, os salários reais dos trabalhadores”.

Susana Valente, ZAP //

2 Comments

  1. “Frente Anti-Racista e SOS Racismo” se os fanaticos racistas sovieticos tao metidos nisto eles estão a lutar por beneficios contra o resto dos portugueses nativos, já não chega o que têm e recebem.

  2. “vieram as guerras e as sanções”? Guerras no plural? Só conheço a Guerra da Ucrânia, a Russia não foi invadida. E são contra as sanções aos Russos? Ligações deste Movimento de Bairros ao PCP?

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