Uma mamute na flor da idade fez uma viagem épica de 1000 km. A jornada demorou três anos

Um novo estudo confirma que os humanos mapearam estrategicamente o comportamento dos mamutes com base nos seus padrões de migração.

Um novo estudo publicado na Science Advances revela detalhes fascinantes sobre a vida há 14 mil anos de uma mamute-lenoso fêmea, cuja presa foi encontrada num sítio arqueológico em Swan Point, no Alasca.

Chamada Élmayuujey’eh pelo conselho local, a mamute tinha aproximadamente 20 anos quando morreu.

Segundo Matthew Wooller, paleoecologista da Universidade do Alasca Fairbanks e autor principal do estudo, a mamute estava na flor da idade, saudável e sem sinais de desnutrição.

“Os seus isótopos mostraram que ela não estava desnutrida e que morreu na mesma estação do acampamento de caça sazonal em Swan Point, onde a sua presa foi encontrada”, explica.

Os resultados indicam que Élmayuujey’eh nasceu no Canadá, e terá vivido a maior parte de sua vida no Yukon antes de viajar cerca de 1000 quilómetros até ao Alasca, em apenas três anos.

Esta descoberta é notável, pois mostra que Élmayuujey’eh migrou com um rebanho familiar, mas não estava relacionada com outros mamutes encontrados nas proximidades, o que reforça a ideia de uma migração planeada.

O sítio onde a presa foi descoberta está numa área do Alasca com a maior densidade de sítios arqueológicos, datando de há até 20 mil anos, pertencentes aos primeiros migrantes humanos da Eurásia, escreve o Science Alert.

A equipa de pesquisa acredita que a coocorrência de humanos e mamutes em áreas estratégicas não é coincidência, mas sim uma indicação de que os humanos mapearam estrategicamente o seu comportamento com base nos padrões de migração destes animais.

Um mamute macho, estudado anteriormente e milhares de anos mais velho do que Élmayuujey’eh, também foi analisado. Embora tenha viajado mais do que a fêmea, ambos frequentaram e migraram por áreas sobrepostas, sugerindo um comportamento consistente entre os mamutes.

Este estudo traz novas perspectivas para o debate em torno da extinção do mamute lanoso. Alguns argumentam que a caça humana levou à sua extinção, enquanto outros apontam para as mudanças climáticas.

A pesquisa sugere que a caça humana, alinhada com as alterações no clima, pode ter contribuído para o desaparecimento destes grandes herbívoros.

No contexto atual, alguns cientistas propõem reverter a extinção do mamute-lanoso como parte de esforços de rewilding em grande escala para mitigar as mudanças climáticas. Para tal, é necessário um conhecimento aprofundado sobre o comportamento dos mamutes, que estudos como este podem fornecer.

ZAP //

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