O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou esta quarta-feira esperar que o estado de emergência termine no final de abril, após uma última renovação, e dê lugar a “uma boa onda”.
“Vamos ver. Depende de todos nós”, considerou o chefe de Estado, que falava aos jornalistas durante uma visita ao Centro Social Polivalente de São Cristóvão e São Lourenço, em Lisboa, para assinalar o Dia Mundial da Saúde e fazer, entre outras coisas, “uma homenagem ao serviço nacional de saúde”.
Questionado sobre os dados da evolução da covid-19 em Portugal, Marcelo reiterou que “abril é um mês decisivo” e realçou que “há uma parte que passa pelas pessoas, o que é que as pessoas fazem, o tipo de convívio que têm, a criação ou não de condições para que o desconfinamento seja suave e progressivo”, sem “sobressaltos” indesejáveis.
Depois, referiu que “para a semana haverá mais um momento de reflexão sobre a renovação do estado de emergência e, portanto, haverá uma sessão epidemiológica e haverá a audição dos partidos políticos e haverá uma decisão sobre essa renovação”.
Sobre o comportamento dos portugueses nesta segunda fase de desconfinamento, Marcelo acredita que “entendem a mensagem para este momento” e diz que “abril é um mês decisivo e que tem de correr bem para podermos passar ao verão com sucesso no desconfinamento e a vida das pessoas a entrar na normalidade possível. E isso passa pelo comportamento das pessoas”.
“Se me perguntam o que eu mais desejaria, eu desejaria que fosse a última renovação do estado de emergência, coincidindo com o fim do mês de abril. Verdadeiramente, era a minha vontade e penso que é a vontade de todos os portugueses”, afirmou.
Para o Presidente, os portugueses “podem ir desconfinando, mas sabendo que há este deslizar na vacinação, que está a arrancar a testagem em termos massivos nas escolas e que há uma parte que passa pelas pessoas”.
“Desejaria que [para a semana] fosse a última renovação do estado de emergência. Para podermos entrar em maio numa outra onda. Numa boa onda”, rematou.
O Presidente da República decretou o estado de emergência pela 14.ª vez no atual contexto de pandemia de covid-19 em 25 de março, com efeitos entre 1 e 15 de abril. Uma próxima renovação por mais 15 dias irá vigorar entre 16 e 30 de abril.
“Produção das vacinas tem sido uma Via Sacra”
Ainda de acordo com o chefe de Estado, no fim de março, “Portugal recebeu pouco mais de 2 milhões de vacinas e, entre duas tomas e uma toma, foram usadas num número que corresponde praticamente a essa reserva”.
No entanto, questionado sobre a situação da vacina da AstraZeneca, Marcelo referiu que “a questão da produção das vacinas tem sido uma Via Sacra, uma expressão pascal que significa um conjunto de problemas que têm-se revelado no tempo”.
Esta é uma “situação incómoda para a Europa como um todo”, frisou, afirmando que há “uma agência europeia que dá certezas, mas depois surgem dúvidas e os estados agem de forma diferente”.
Sendo abril um mês “muito importante”, o Presidente da República espera que “seja rápido o processo de reavaliação e a decisão da EMA e rápida e clara a posição dos países da UE”.
“Todos estamos interessados nisso à escala europeia e em Portugal”, rematou.
Entretanto, a presidência portuguesa do conselho da UE agendou uma reunião de urgência dos ministros da Saúde, por videoconferência, para debater as conclusões dos peritos sobre os eventuais riscos associados à vacina AstraZeneca contra a covid-19.
A reunião do Conselho da União Europeia (UE) está marcada para as 18h00 (17h00 de Lisboa) e será presidida pela ministra da Saúde, Marta Temido.
Sofia Teixeira Santos, ZAP // Lusa
Boa onda: quarta vaga, porque o povo português anda a abusar da sorte.