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Véu islâmico para corrida à venda no site da Decathlon causa polémica em França

(cv) France 2

Depois do burkini, o biquíni adaptado para uso das mulheres de credo islâmico, que causou furor no verão passado no sul de França, agora é a vez do hijab para correr.

É um véu islâmico em material sintético, o elastano, que “permite a evaporação do calor corporal durante a corrida” e a “adaptação a todo tipo de cabeças”. O runjab vem em três tamanhos, P, M e G, e foi “testado por 20 mulheres que usam o véu e correm regularmente”. O anúncio causou polémica nas redes sociais francesas.

Primeiro, a Decathlon declarou que o produto, um hijab, véu islâmico, fabricado em material desportivo para corredoras, seria comercializado apenas em Marrocos, país de maioria muçulmana. Mas com o anúncio no seu site, disponível em todas as regiões de França, a marca teve que voltar atrás e admitiu nesta terça-feira que o produto estava disponível para francesas.

Foi o suficiente para dar início ao tsunami de reações nas redes sociais francesas. “Decathlon também se submete ao #islamismo, que tolera mulheres apenas quando têm a cabeça coberta com um hijab para afirmar a sua submissão aos homens. #Decathlon, portanto, nega os valores da nossa civilização no altar do mercado do marketing identitário”, declarou no Twitter Lydia Guirous, porta-voz do partido de direita Os Republicanos, na França.

A marca respondeu à Guirous: “Fique tranquila, não negamos nenhum dos nossos valores. Sempre fizemos tudo para tornar o desporto mais acessível em qualquer lugar do mundo. Este hijab era uma necessidade de algumas praticantes de corrida, por isso respondemos a essa necessidade desportiva”, disse a loja.

“A Decathlon lança-se na moda desportiva islâmica”, escreveu a porta-voz do partido, dizendo que “lamentar que as empresas francesas promovam a ideologia multicultural e sacrifiquem os nossos valores no altar das considerações mercantis”.

Várias personalidades políticas da França mobilizaram-se para criticar o véu islâmico para desporto nas redes sociais, alguns até pedindo um boicote à marca. “O desporto emancipa: não submete. A minha escolha de mulher e cidadã será não confiar numa marca que rompa com os nossos valores”, escreveu Aurore Bergé, porta-voz do partido A República em Marcha, do presidente francês Emmanuel Macron.

No canal de TV France 2, Nicolas Dupont-Aignan, presidente do partido de extrema-direita Débout la France, traçou um paralelo entre o “véu islâmico desportivo” com a situação das mulheres na Arábia Saudita.

“Eu tenho duas filhas e não quero que elas vivam em um país onde o lugar das mulheres na sociedade regride como na Arábia Saudita. Peço um boicote da marca Decathlon que comercializa este tipo de roupa!”, declarou Dupont-Aignan.

A ministra da Saúde, Agnès Buzyn, salientou que o produto “não é proibido por lei”. Mas “é uma visão da mulher da qual não partilho. Como mulher é assim que entendo isto. Tudo o que pode levar à diferenciação incomoda-me. Teria preferido que uma marca francesa não promovesse este véu”, acrescentou. “Pessoalmente, não quero promover a diferenciação entre mulheres e homens”, afirmou a ministra francesa.

A marca norte-americana Nike já comercializa um véu islâmico para praticantes de desporto, em preto, cinzento ou branco, a um preço de 30 euros. Já a Decathlon resolveu baixar o preço para concorrer com a Nike: o acessório pode ser comprado por oito euros no site francês.

ZAP // RFI

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