Porque vem aí um “Verão mortal” para Ucrânia e Rússia

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Oleg Petrasyuk / EPA

Combate junto a Bakhmut, Ucrânia

De um lado, manter a posição com novas ajudas; do outro, pequenos ganhos com grandes sacrifícios. E previsão de milhares de mortos.

Se, no ano passado, esperava-se um Verão marcado por uma contra-ofensiva importante (mas falhada) por parte da Ucrânia na guerra com a Rússia, este Verão será diferente.

Os ucranianos já aceitaram a realidade: a prioridade é defender território, manter posições, agora com a ajuda de novas armas provenientes do Ocidente – algumas já chegaram, outras podem chegar e ser decisivas.

Do lado da Rússia, a estratégia deve manter-se: tentar (e muitas vezes conseguir) pequenos avanços no terreno, mas à custa de grandes sacrifícios humanos.

Este cenário origina um “Verão mortal” para Ucrânia e Rússia, escreve o Wall Street Journal.

Há a previsão de milhares de mortos em ambos os lados. E provavelmente nenhuma das partes será capaz de alcançar um avanço decisivo.

Exércitos ucraniano e russo tentam aberturas ao longo de uma linha da frente amplamente estática, que quase não se move, onde não há alterações significativas.

Os dois lados tentam ataques profundos para ganhar vantagem, antes que chegue o Inverno: a Rússia ataca centrais eléctricas e outras instalações de infra-estruturas na Ucrânia, enquanto a Ucrânia ataca a Crimeia com mísseis de longo alcance (embora a prioridade para os próximos meses seja mesmo manter a linha da frente).

Assim, são cerca de 1.100 quilómetros “palco de um sangrento jogo de xadrez, com cada lado a movimentar peças em busca de uma vantagem sem ceder terreno noutro lado”, explica o jornal dos EUA.

A Rússia “não tem tropas suficientes” para uma grande ofensiva em Kharkiv, segundo um especialista militar; e a transferência de tropas para Kharkiv iria enfraquecer outras frentes de combate.

Os russos até estão a conseguir alguns avanços nas batalhas mas, avisou um representante de alto nível do Departamento de Defesa dos EUA, também têm noção de que os ucranianos são “estrategicamente competentes em atacar e em mover-se, mantendo-se firmes”.

As muitas baixas (que também afectam a Ucrânia) tornaram as movimentações russas mais lentas e mais previsíveis. Caso haja plano de um ataque russo a larga escala, a Ucrânia deve conseguir antecipar-se e evitar grandes danos.

Do lado ucraniano, as perdas foram sendo compensadas até agora – mas está fora de hipótese nova grande ofensiva da Ucrânia. Não há meios.

ZAP //

2 Comments

  1. É bom que a Ucrânia se mantenha no interior das 4 províncias que a Rússia pretende. Assim, em termos de possíveis negociações, a Rússia nunca poderá invocar que controla essas regiões. O resultado é um impasse total na guerra, o que significa uma derrota para quem pensava (Rússia) que chegava ali e conseguia os seus objetivos numa semana.

  2. “…Do lado da Rússia, a estratégia deve manter-se: tentar (e muitas vezes conseguir) pequenos avanços no terreno, mas à custa de grandes sacrifícios humanos…”

    Disparate. A Rússia tem um quinto das perdas da Ucrânia porque só avança depois de ter destruído muito das defesas ucranianas. A Rússia não está interessada em grandes avanços, está interessada em destruir o exército ucraniano, o que vai calmemente conseguindo. E um dia, dentro de alguns meses, o exército ucraniano entra em colapso e os russo tomam o que quiserem.

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