Ventura divulga notícia falsa sobre violações e imigrantes com grafismo roubado ao Expresso

Eduardo Costa / Lusa

André Ventura, presidente do Chega.

Chega volta a usurpar grafismo de jornais portugueses para divulgar desinformação. Ventura e a Folha Nacional apagaram a publicação enganosa sobre violadores estrangeiros condenados, mas deixaram rasto.

Com um grafismo “usurpado” ao jornal Expresso, uma notícia falsa foi partilhada pelo líder do Chega na rede social X, na qual constavam números errados sobre violações levadas a cabo por imigrantes, denuncia o semanário esta sexta-feira.

A publicação, que entretanto foi apagada por André Ventura, afirmava que “sete em cada dez condenados por violação são estrangeiros”, e não só era falsa como utilizava elementos visuais do Expresso para simular credibilidade.

A origem da informação foi o site oficial do Chega, a Folha Nacional, que, na quinta-feira, divulgou a alegação enganosa entretanto apagada. No dia seguinte, Ventura partilhou o conteúdo adaptado com o layout do Expresso, muito diferente do habitual design da Folha, e contrariando os dados oficiais da Direção-Geral dos Recursos Prisionais (DGRP).

ZAP

Captura de ecrã com o que sobra da publicação enganosa (e entretanto apagada) lançada pelo jornal do Chega, Folha Nacional, e partilhada por André Ventura no X.

Também o grupo Resistência Lusitana, afeto ao Chega, partilhou a informação falsa.

De acordo com os números da DGRP, no final de 2023, estavam detidas por crime de violação 131 pessoas: 102 homens portugueses, 27 estrangeiros e duas mulheres portuguesas. Estes valores mostram que apenas 20,6% dos condenados por violação são estrangeiros, refutando totalmente a afirmação de Ventura. A proporção real é de oito portugueses e dois estrangeiros por cada dez condenados.

O uso de grafismos similares ao de órgãos de comunicação social conhecidos, como o Expresso não é, no entanto, novidade no historial de desinformação do Chega.

Em setembro de 2023, a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) já tinha alertado para situações semelhantes envolvendo publicações que emulavam os jornais Público e Rádio Renascença.

Ventura não respondeu ao Expresso até ao momento, mas apagou a publicação.

Tomás Guimarães, ZAP //

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