Um lote de venezuelanos ricos, afetados a Nicolás Maduro, está a construir resorts e casas de luxo em parques protegidos do país. A lei não permite este tipo de empreendimentos.
A elite venezuelana está a construir resorts e casas de luxo em parques protegidos do país. Muitos deles são acusados de corrupção nos Estados Unidos e viram as suas propriedades no estrangeiro serem-lhes confiscadas, escreve o The Wall Street Journal. Nem com a pandemia de coronavírus, o espírito capitalista destes indivíduos parece abrandar.
Mansões privadas estão a ser construídas sob a guarda de soldados venezuelanos em Galipán, uma pequena vila perto de Caracas. Além disso, estão também a ser construídos uma nova linha de teleférico e um casino no renovado Humboldt Hotel.
Os apoiantes ricos de Nicolás Maduro são os principais responsáveis por estes investimentos em áreas protegidas como a de Galipán, que fica no Parque Nacional de Avila. Algumas das propriedades a serem construídas têm três vezes o tamanho permitido por lei.
Maduro justifica a construção da nova linha de teleférico e do casino como uma aposta para atrair turistas. No entanto, a Venezuela não é propriamente reconhecida como um destino de férias de eleição, recebendo menos turistas do que, por exemplo, o Haiti.
“Estas pessoas não podem deixar a Venezuela, por isso estão a tentar criar o seu próprio paraíso”, disse Marlene Sifontes, que trabalha no sistema de parques há mais de duas décadas. Há pouca supervisão ambiental para as pessoas próximas ao Governo, explicou.
A Venezuela conta com 43 parques nacionais, que ocupam um quinto do seu território. Ainda assim, vários empreendimentos continuam a ser feitos nestas áreas protegidas, embora a legislação o proíba.
Em Los Roques, por exemplo, novos hotéis estão a ser construídos nas praias. Ainda no ano passado, o Ministério do Turismo publicou no seu site um apelo a investidores internacionais para que investissem na construção de “pousadas turísticas de alta qualidade” no arquipélago. Mais uma vez, a lei proíbe novas construções na área.
“O que temos é uma grande luta com estes ecologistas negacionistas”, disse o governador estatal afeto a Maduro, Rafael Lacava. O político está a planear a sua própria atração turística numa pequena ilha do Parque Nacional de San Esteban, em que supostamente só é permitida a entrada a investigadores de tartarugas.
Andres Izarra, ex-ministro do Turismo que cortou laços com Maduro e abandonou o país, tem uma opinião forte em relação ao assunto: “O que eles estão a tentar fazer agora é totalmente ilegal”.