Funcionários do Serviço Bolivariano de Inteligência da Venezuela (Sebin, serviços secretos) detiveram nesta quinta-feira o vice-presidente do parlamento, Edgar Zambrano, anunciou o próprio na sua conta do Twitter.
“Fomos surpreendidos pelo Sebin, como nos negámos a sair da nossa viatura, usaram uma grua para transportar-nos de maneira forçada diretamente ao Helicoide [prisão do Sebin]. Nós democratas vamos continuar a lutar”, escreveu.
Numa outra mensagem, publicada momentos antes, o deputado alertava o povo venezuelano de que se encontrava dentro da sua viatura junto da sede do seu partido, a Ação Democrática, em La Florida (centro-leste de Caracas), “cercados pelo Sebin”.
Na passada sexta-feira, o Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela acusou Edgar Zambrano de vários crimes. Segundo o Supremo, o vice do Parlamento é responsável pelos crimes de “traição à pátria, conspiração, incitação à revolta, rebelião civil, associação para cometer delito, usurpação de funções, incitamento público à desobediência das leis e ódio continuado”.
“O Supremo Tribunal de Justiça em pleno ordena que, em virtude do desrespeito do parlamento [onde a oposição detém a maioria e cujo presidente é Juan Guaidó, autoproclamado presidente do país] a várias sentenças e decisões daquele organismo, seja remetida uma cópia certificada da acusação à Assembleia Constituinte [composta por simpatizantes do regime] para a sua informação e outros fins”, explica.
Esta é a primeira detenção de um deputado da Assembleia Nacional desde que Juan Guaidó tentou lançar uma revolta para derrubar o Governo de Maduro.
O autoproclamado Presidente da Venezuela também lançou o alerta na sua conta do Twitter, referindo o caráter arbitrário e abusivo da detenção.
Em entrevista à CNN, Guaidó admite que continua em liberdade porque Maduro teme as consequências da sua detenção. “Têm medo. Quem tenta transmitir ou disseminar a perceção de controlo é quem não o tem”, disse, pouco depois da detenção do vice-presidente do parlamento.
Também no Twitter, Guaidó afirmou que há um plano para “a detenção em massa de deputados” com o objetivo de encerrar a Assembleia Nacional, e disse que os aliados internacionais da oposição venezuelana “já foram avisados”.
“A nossa Assembleia Nacional é o único poder eleito na Venezuela. Com estas ações, a usurpação pretende afetar a única instituição democrática legitimada pelo voto popular. O companheiro Zambrano conta com um elemento sagrado que o usurpador não conhece: o apoio do povo”, escreveu ainda o auto-proclamado Presidente da Venezuela.
ZAP // Lusa