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Vacinas experimentais contra o Ébola são enviadas para a Libéria

usarmyafrica / Flickr

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O primeiro lote de uma vacina experimental contra o vírus do Ébola foi enviado para a Libéria, um dos países mais afetados pelo surto que já matou cerca de 10 mil pessoas.

O carregamento será o primeiro de um medicamento potencialmente preventivo a chegar à nação africana, mas os especialistas dizem que, com o número de casos da doença a cair, talvez seja difícil recolher informação suficiente para garantir que a vacina ofereça proteção contra o vírus.

O medicamento foi produzido pelo laboratório farmacêutico britânico GlaxoSmithKline (GSK) e o National Institutes of Health (NIH), dos Estados Unidos.

Proteção

A GSK informou que um avião com 300 doses iniciais da vacina foi enviado para Monróvia, capital da Libéria, esta sexta-feira.

A empresa espera que o primeiro voluntário seja imunizado nas próximas semanas.

Andrew Witty, CEO da GSK, disse que o ritmo de desenvolvimento do medicamento foi sem precedentes e poderia ser comparado apenas ao desenvolvimento da vacina contra à pandemia de gripe ou às novas drogas contra o VIH, o vírus da SIDA.

“Para se ter uma ideia, adiamos os programas de desenvolvimento de duas outras vacinas para que pudéssemos ter espaço suficiente para criar esse medicamento”, explicou.

Os investigadores esperam envolver 30 mil voluntários nos testes, incluindo agentes humanitários.

Se todas as normas forem cumpridas, cerca de 10 mil voluntários receberão a vacina da GSK.

Uma parte do total de 30 mil voluntários receberá um placebo, ou seja, uma vacina sem efeito, e há planos de que outros 10 mil recebam uma outra injeção experimental.

Os resultados serão comparados para ver se alguma dessas vacinas oferece proteção contra o vírus.

Uma versão da vacina já foi testada em 200 voluntários saudáveis no Reino Unido, nos Estados Unidos, na Suíça e no Mali.

A GSK diz que conseguiu obter um perfil de segurança aceitável, mas é apenas em países afetados pelo Ébola que os especialistas podem determinar se a vacina pode oferecer proteção adequada contra o vírus.

“Enviar a vacina hoje é uma grande conquista e mostra que estamos no caminho certo para acelerar o desenvolvimento de um medicamento contra o Ébola”, disse Moncef Slaoui, da GlaxoSmithKline.

“Os dados da fase inicial que temos visto são encorajadores e dão-nos confiança para progredir para as próximas fases de testes clínicos.”

Oportunidades fracassadas

A GSK ressalta que a vacina ainda está em desenvolvimento e precisa do aval da Organização Mundial da Saúde (OMS), bem como de outros reguladores, sobre a segurança do medicamento antes de considerar implementar qualquer campanha de imunização em massa.

Testes em campo de outras vacinas – como uma que envolve o laboratório farmacêutico Merck – estão sendo planeados na Guiné, na Libéria e na Serra Leoa nos próximos meses.

Há relatos de que testes de outro medicamento experimental chamada ZMapp devem começar nas próximas semanas.

No entanto, os especialistas afirmam que, com o número de casos de Ébola a cair, as oportunidades para testar vacinas e medicamentos podem acabar limitadas.

Segundo o professor Jonathan Ball, especialista em vírus da Universidade de Nottingham, na Inglaterra, devido à queda no número de casos reportados do vírus, ficará “mais e mais difícil mostrar se essa vacina terá algum impacto”.

“Talvez dentro de alguns meses estaremos numa posição em que não saberemos ao certo se essa vacina será eficiente em humanos.”

“Mas é importante obter respostas se conseguirmos obter resultados positivos – se não para este surto, para os surtos futuros. Precisamos estar preparados.”

Segundo dados mais recentes da OMS, o Ébola já infetou 21.724 pessoas, das quais 8.641 morreram.

ZAP / BBC

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