Cerca de 70 jardins zoológicos e espaços de conservação nos Estados Unidos estão a administrar a vacina da farmacêutica veterinária Zoetis aos seus animais.
Não são só os humanos que estão a ser vacinados contra a covid-19. O jardim zoológico de Maryland, na cidade de Baltimore, está a proteger alguns dos nossos amigos de quatro patas contra a doença, revela o Washington Post.
Mais de 30 animais vão ser vacinados, incluindo chimpanzés, lontras-de-rio norte-americanas, um leopardo-de-amur, chitas, leões, linces, lémures e um texugo americano de garras afiadas chamado Makoda.
Nenhum dos animais contraiu o vírus, mas a vacina vai “acrescentar mais uma camada de protecção”, segundo afirma Ellen Bronson, directora sénior de saúde animal, conservação e investigação no Jardim Zoológico de Maryland, num comunicado.
A vacina destina-se às espécies mais susceptíveis de contrair o vírus, como os grandes símios e grandes felinos.
Mas o zoo do Maryland não é o único. No zoo de Oakland, na Califórnia, já 48 animais receberam pelo menos uma dose da vacina, segundo a National Geographic e metade estão já totalmente protegidos.
Cerca de 70 zoos, santuários e espaços de conservação nos Estados Unidos têm planos para vacinar os animais, depois de ter sido noticiado em Fevereiro que os macacos do jardim zoológico de San Diego foram os primeiros animais no país a ser imunizados contra a covid-19.
“A notícia despertou interesse em muitos outros zoos, foi isso que levou aos nossos grandes planos de doações“, afirma Mahesh Kumar, vice-presidente de biologia global da Zoetis, farmacêutica veterinária que criou a vacina e que já foi subsidiária da Pfizer.
A empresa começou a desenvolver uma protecção para cães e gatos depois do primeiro caso de covid-19 ter sido detectado num animal, quando um cão testou positivo em Fevereiro de 2020. Os animais precisarão de duas doses com várias semanas de intervalo.
Em vez de usar a tecnologia mRNA, como as vacinas da Pfizer e da Moderna, um vector viral como a vacina da Janssen, ou um vírus vivo, a vacina da Zoetis usa proteínas spike sintéticas para desencadear os mesmos anticorpos que o vírus verdadeiro criaria.
Até agora, a Zoetis já distribuiu mais 11 mil doses da vacina a reservatórios de animais em 27 estados. A vacina adequa-se a cerca de 100 espécies de mamíferos e até agora ainda não foram registadas reacções adversas. A sua administração é autorizada caso a caso pelo Departamento de Agricultura dos EUA e pelos veterinários de cada estado.
No Smithsonian National Zoo, em Washington, uma porta-voz anunciou na terça-feira que os seus veterinários vão administrar a vacina este Outono a alguns dos animais, dependendo da disponibilidade de stock. O mesmo vai ser feito no Smithsonian Conservation Biology Institute, na Virgínia, uma instituição-irmã.
Foram ainda detectados alguns casos de covid-19 em gorilas no zoo de Atlanta, que também está a planear vacinar os animais. Dois tigres no zoo de Fort Wayne e outros dois em Norfolk também foram infectados, além de três leopardos-da-neve em Louisville e quatro tigres e três leões-africanos no jardim zoológico do Bronx.
Os animais são treinados para serem mais fáceis de cuidar pelos veterinários, incluindo no processo da toma das vacinas. Até há casos em que os animais “permitem que se tire sangue” e se façam ecografias quando estão acordados, afirma Bronson.
“Os chimpanzés são treinados para se encostarem à rede e segurarem o ombro enquanto uma vacina é injectada”, explica John Flanders Jr, veterinário associado do zoo do Maryland. Até as chitas, os leopardos e os linces são treinados para serem vacinados.
No caso de animais que precisem de anestesia, a vacina vai ser dada quando forem fazer os exames anuais de rotina.