O grupo mais imunizado pela vacina – os maiores de 80 anos – está agora marcado por uma redução no número de casos, nos internamentos e na taxa de letalidade. Portugal já vacinou 1 milhão de pessoas.
Os dados foram apresentados na reunião no Infarmed da passada terça-feira e ainda que não sejam uma medição objetiva da efetividade das vacinas contra a covid-19 que estão a ser usadas parecem indicar que algum impacto da vacinação já está a ser sentido entre os mais vulneráveis a esta doença.
O grupo de pessoas com mais de 80 anos deixou, desde o início de março, de ser o que apresentava a maior incidência de infeção para estar agora abaixo da média nacional, revelou o responsável do departamento de estatísticas da Direção-Geral da Saúde, André Peralta Santos.
Outro dado assinalado pelo especialista traduz-se na redução “muito expressiva” das hospitalizações a partir dos 60 anos.
Relativamente à letalidade, André Peralta Santos também assinalou uma diminuição do valor entre os mais velhos.
Embora não tenha estabelecido uma relação direta da melhoria destes indicadores entre os mais velhos com a vacinação, o facto é que é entre esta população que o processo está mais avançado.
De recordar que a vacinação nos lares e unidades de cuidados continuados começou no início do ano e neste momento 90% dos residentes e funcionários já tomaram pelo menos uma dose da vacina.
Em fevereiro avançou-se para todas as pessoas com mais de 80 anos, sendo que até domingo passado 61% tinham recebido uma dose da vacina. Totalmente protegidos com as duas tomas estavam 30%.
Para Manuel Carmo Gomes, professor de epidemiologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, há várias explicações que podem ser dadas para uma diminuição mais acentuada da incidência da infeção nos mais de 80 anos, porém refere que se unclina mais para o facto da vacina ”já está a ter impacto”.
1 milhão de pessoas inoculadas
Portugal ultrapassou hoje um milhão de vacinados com a primeira dose de uma das vacinas contra a covid-19 e, em simultâneo, serão atingidas 500.000 segundas doses administradas, segundo fonte da task force do plano de vacinação.
“Está já hoje ultrapassado em Portugal a barreira de um milhão de primeiras doses administradas de vacinas contra a covid-19”, disse à agência Lusa fonte da task force coordenada pelo vice-almirante Henrique Gouveia e Melo.
A mesma fonte acrescentou que, “em simultâneo, será alcançado o valor de cerca de meio milhão de segundas doses inoculadas”, sendo que quinta-feira foi “o dia com maior volume de doses administradas: 50 mil”.
Portugal começou a vacinar a população em 27 de dezembro de 2020. No primeiro dia foram vacinadas 4.534 pessoas.
Na quinta-feira, o primeiro-ministro, António Costa, afirmou que a União Europeia (UE) está disposta a utilizar “todas as armas” para impor reciprocidade no acesso às vacinas, mas só em último caso recorrerá à proibição das exportações.
O chefe do Governo, que transmitiu esta posição em conferência de imprensa no final de uma reunião do Conselho Europeu, acrescentou que a Comissão Europeia (CE) está a trabalhar para organizar à escala europeia um esforço adicional para aumentar a capacidade de produção.
Durante a conferência de imprensa António Costa nunca se referiu diretamente ao Reino Unido na questão da controvérsia sobre acesso às vacinas e, em contrapartida, citou o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em defesa da cooperação no combate à pandemia da doença provocada pelo SARS-CoV-2.
A CE exigiu, também na quinta-feira, que a farmacêutica AstraZeneca, que está envolta em polémica por causa da incapacidade de produção de vacinas para os Estados-membros da UE, recupere os atrasos e honre o acordado antes de exportar os fármacos para fora da UE.
A polémica em relação à AstraZeneca surgiu depois de ser conhecida a incapacidade de distribuição para a União Europeia e também a exportação de vacinas de fábricas na UE para países terceiros, nomeadamente o Reino Unido, o que levou Bruxelas a criar em janeiro um sistema de controlo de tais operações.
Na quarta-feira, a Comissão Europeia anunciou um reforço deste mecanismo de transparência e de autorização para exportações de vacinas, um esforço para assegurar o acesso atempado aos fármacos contra a covid-19 através da introdução de princípios de reciprocidade e proporcionalidade.
ZAP // Lusa
Coronavírus / Covid-19
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