Zacarias Moussaoui, o único homem condenado num tribunal dos Estados Unidos (EUA) por participar dos ataques de 11 de setembro, disse que renuncia ao terrorismo, à Al-Qaeda e ao Estado Islâmico.
Segundo avançou o Guardian na quarta-feira, Zacarias Moussaoui está a cumprir uma sentença de prisão perpétua numa cadeia federal do Colorado, depois de ter escapado por pouco da pena de morte no julgamento que decorreu em 2006.
Na altura, os promotores argumentaram que o homem poderia ter evitado os ataques se não tivesse mentido ao FBI acerca do seu conhecimento sobre a Al-Qaeda, apontando os seus esforços para atacar os EUA quando foi detido, em agosto de 2001.
Numa moção que deu entrada no tribunal federal de Alexandria, em abril, Moussaoui escreveu: “Eu denuncio repúdio a Osama bin Laden como um idiota útil da CIA/Arábia Saudita. Também proclamo inequivocamente a minha oposição a qualquer ato terrorista, ataque, propaganda contra os EUA”.
O homem acrescentou que queria “alertar os jovens muçulmanos contra o engano e a manipulação dos falsos jihadistas”.
Estas declarações são diferentes das que proferiu no julgamento de 2006, quando provocou as vítimas no tribunal e comemorou por ter recebido uma condenação de prisão perpétua ao invés de pena de morte. Na audiência final, disse: “Deus salve Osama bin Laden”, morto em 2011 num ataque das forças norte-americanas, no Paquistão.
A renúncia de Moussaoui ao Estado Islâmico tem como objetivo conseguir um abrandamento nas condições sob as quais cumpre a sentença. Em particular, quer que o advogado de Donald Trump, Rudy Giuliani, ou Alan Dershowitz, o represente num julgamento civil movido por vítimas dos ataques.
O homem já escreveu diversas cartas para poder testemunhar nesse julgamento civil e nos julgamentos militares de membros da Al-Qaeda, que incluem Khalid Sheikh Mohammed. Contudo, em 2018, continuava a referir-se a si mesmo como um “terrorista nato”.
Katherine Donahue, que escreveu um livro sobre Moussaoui depois de comparecer ao julgamento de 2006, disse que não tinha conhecimento de nenhum outro caso em que Moussaoui tenha renunciado ao terrorismo ou a Bin Laden. “Ele está na prisão há 14 anos. É muito tempo para pensar no que fez”, referiu. “Não o vejo a mentir. Havia tantas maneiras pelas quais ele poderia se ter ajudado antes, ao mentir”.
Terry Strada, cujo marido morreu no ataque ao World Trade Center e é uma dos queixosas que processam a Arábia Saudita pela suposta cumplicidade nos ataques, é mais cética. “Não confio nele, [não confio] que se reformou na prisão”, indicou.
A juíza distrital dos EUA Leonie Brinkema, que presidiu o julgamento de Moussaoui e foi regularmente insultada por este, negou o pedido e disse que qualquer queixa que o homem tenha sobre o tratamento que está a receber na prisão deve ser registada no Colorado, onde cumpre a pena.