Quase um em cada três alunos que decide tirar um curso ou fazer outra formação de ensino superior na Europa acaba por desistir, alerta um relatório da Eurydice hoje divulgado.
O acesso ao ensino superior, os níveis de retenção dos alunos e a empregabilidade dos cursos foram analisados pelo gabinete da Comissão Europeia, que agora divulgou um novo relatório, “Modernização do Ensino Superior na Europa: Acesso, Retenção e Empregabilidade 2014” .
No Espaço Europeu de Ensino Superior, “quase um em cada três alunos que entram em programas curriculares não os completam“, lê-se no documento da CE, que lembra que em muitos países as taxas de desistência têm vindo a aumentar.
Perante esta realidade, as instituições de ensino superior devem identificar e apoiar os estudantes com mais necessidades, defendem os relatores do documento, lembrando que esses apoios devem ser dados logo no primeiro ano de estudos dos alunos.
Fornecer informação e aconselhamento é outra das sugestões para travar a retenção e aumentar o sucesso escolar.
O estudo, que analisou 34 sistemas e políticas de educação na Europa, considera ainda que, apesar das “taxas inaceitáveis” de desistência registada em muitos países, “existem poucos exemplos nacionais de estratégias claras para atacar a questão” e que poucos Estados-membros têm desenvolvido políticas diferenciadas e focadas nos problemas concretos dos seus estudantes.
“Poucos países desenvolveram iniciativas, estratégias e medidas para melhorar o acesso dos grupos de estudantes que estão em minoria no ensino superior”, lê-se no documento, que dá como exemplos os alunos com deficiências, estudantes mais velhos, minorias étnicas ou pertencentes a famílias carenciadas.
Apenas as instituições de ensino superior de dois Estados-membros – Irlanda e Reino Unido – recebem um reforço de verbas por terem alunos que pertencem às tais minorias.
No mesmo sentido, entendem que é preciso melhorar os sistemas de monitorização que caracterizam a população estudantil e associar essa informação a políticas concretas para perceber o real efeito de medidas tais como aquelas que pretendem promover um igual acesso ao ensino superior ou diminuir as taxas de desistência.
A empregabilidade foi outro dos pontos analisados no estudo, que lembra a importância de efectuar inquéritos aos alunos que terminam os estudos para melhor perceber a empregabilidade dos cursos e a satisfação dos alunos tendo em conta as suas espectativas.
O relatório aponta ainda Portugal como um dos quatro Estados-membros, com a Bulgária, Croácia e Liechtenstein, onde não são feitas previsões sobre as futuras necessidades do mercado de trabalho.
Nos restantes países, refere o relatório, é feita uma avaliação sobre o mercado de trabalho, mas raramente é utilizada de forma sistemática para definir uma política sobre o ensino superior.
Apenas onze países – Irlanda, França, Italia, Letónia, Lituania, Polónia, Roménia, Finlândia e Reino Unido, Montenegro e Noruega – reportaram que as autoridades têm em conta as informações sobre o mercado de trabalho para definir e planear as oferta no ensino superior.
/Lusa