Roménia envia os Patriots e Países Baixos, Bélgica e Dinamarca cerca de 80 jatos F-16. Estes últimos vão ser uma grande ajuda — mas obrigam os pilotos ucranianos a voar “baixinho”, coisa que os seus mísseis não gostam nada.
A Roménia anunciou o envio de um sistema de defesa aérea Patriot para a Ucrânia para ajudar o país vizinho a proteger-se dos ataques russos, uma decisão imediatamente saudada pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy.
“Esta contribuição crucial irá reforçar o nosso escudo aéreo e ajudar-nos a proteger melhor a nossa população e as nossas infraestruturas críticas contra o terrorismo aéreo russo”, afirmou Zelenskyy.
A Ucrânia tem pedido com insistência mais defesas antiaéreas aos aliados ocidentais nas últimas semanas, em especial para proteger a região de Kharkiv, no nordeste do país, onde a Rússia lançou uma nova ofensiva em maio.
O sistema norte-americano Patriot, concebido em 1965 para proteger contra aviões inimigos, foi progressivamente adotado pelas forças armadas de vários países da NATO (sigla inglesa da Organização do Tratado do Atlântico Norte).
Perante os apelos de Kiev, muitos aliados têm-se mostrado reticentes em ceder estes mísseis que podem atingir e destruir o alvo em poucas dezenas de segundos, com o argumento de que precisam dos sistemas para proteger os respetivos territórios.
Na Europa, apenas a Alemanha respondeu ao apelo da Ucrânia, prometendo, em meados de abril, enviar uma terceira bateria de Patriots.
Os Estados Unidos vão enviar outro sistema Patriot, segundo os órgãos de comunicação social norte-americanos, citando altos funcionários civis e militares não identificados.
A Roménia também acolhe um centro para formar pilotos ucranianos para os caças F-16 — o outro presente que a Ucrânia vai receber este verão.
F-16: há um problema
“Está tudo a alinhar-se” para a chegada, ainda este verão, dos famosos jatos ao país invadido, anunciou o general Arnoud Stallmann, comandante da força aérea dos Países Baixos, que a par da Bélgica e Dinamarca se comprometeu a enviar 80 caças F-16 fabricados nos EUA.
A introdução destes caças deverá mudar a dinâmica da guerra e obrigar a Rússia a adotar novas táticas, com mais precauções. Mas os problemas maiores podem vir a ser enfrentados pelos pilotos ucranianos.
Os homens ucranianos que pilotarem os jatos norte-americanos terão de voar bastante baixo para sobreviver às defesas aéreas russas — e isso impede os seus mísseis, que tanto gostam de altitude.
As defesas aéreas terrestres russas tornam extremamente perigoso para os aviões de guerra ucranianos voar a grande altitude em praticamente qualquer ponto da Ucrânia, mas especialmente a cerca de 160 quilómetros da linha da frente, que ficam ao alcance das baterias de mísseis terra-ar S-400 da Rússia, explicam especialistas à Forbes.
Embora seja possível que a Ucrânia esteja a adquirir mísseis ar-ar AIM-120D de 100 milhas de alcance para os seus F-16, o que parece permitir aos pilotos ucranianos disparar contra os bombardeiros russos a partir do limite da cobertura da defesa aérea russa – na prática, os AIM-120 não atingirão o seu alcance total.
“Quando estiverem perto das linhas da frente, os pilotos ucranianos terão de os pilotar a altitudes muito baixas para evitarem ser detetados e abatidos pelas defesas aéreas russas”, diz um especialista.
ZAP // Lusa