A Ucrânia não consegue derrotar a Rússia. “O melhor a fazer é ajudar a preparar o pós-guerra”

2

Robert Ghement, Mikhail Klimentyev/ EPA/Presidential Press and Information Office

Historicamente, nenhuma nação conseguiu derrotar a Rússia numa guerra de desgaste. Objetivo de Zelenskyy é irrealista.

A guerra da Ucrânia contra a Rússia, agora entrando na sua fase mais desafiadora, enfrenta perspetivas cada vez mais sombrias.

As forças ucranianas, apesar da sua resiliência, estão a perder terreno em várias frentes.

Frank Ledwidge, professor de estratégia militar, escreve que uma recente comparação feita por um amigo seu analista pró-Ucrânia, habitualmente otimista, equiparou a situação ao exército alemão em janeiro de 1945, sinalizando circunstâncias graves.

Com as tropas a diminuírem e as perdas a aumentarem, a cidade estratégica de Pokrovsk, em Donetsk, está agora em risco, após a queda de Vuhledar.

Embora esta guerra seja frequentemente vista como uma batalha por território, a realidade é que se trata de uma guerra de desgaste, onde o número de soldados disponíveis é o recurso mais crítico.

As estatísticas oficiais da Ucrânia afirmam que quase 700.000 soldados russos foram “eliminados”, mas esses números são contestados. As estimativas dos EUA sugerem que a guerra já resultou em 1 milhão de baixas em ambos os lados, incluindo um número crescente de civis ucranianos.

A diminuição do efetivo da Ucrânia é agravada pelo baixo moral, deserções e desafios de recrutamento, dificultando a manutenção da força nas linhas da frente.

Um difícil debate está em curso na Ucrânia sobre a mobilização dos jovens de 18 a 25 anos, um grupo já reduzido devido ao declínio demográfico. No entanto, o processo de treino de novos soldados pode demorar demasiado para influenciar o desfecho do conflito atual.

Historicamente, nenhuma nação conseguiu derrotar a Rússia numa guerra de desgaste.

O objetivo do presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, de recuperar todas as fronteiras pré-2014, é cada vez mais irrealista, dado o apoio militar limitado do Ocidente.

Aliás, o título deste artigo no The Conversation é claro: “A Ucrânia não consegue derrotar a Rússia – o melhor que o Ocidente pode fazer é ajudar Kiev a planear um futuro seguro no pós-guerra“.

As prometidas munições de artilharia europeias ficaram aquém do esperado, enquanto a Rússia recebe suprimentos significativos da Coreia do Norte.

Os EUA continuam a adotar uma abordagem cautelosa, fornecendo ajuda em pequenas quantidades, e qualquer entrega em grande escala de armamento poderá demorar anos.

Em reuniões confidenciais com líderes ocidentais, as autoridades expressaram uma profunda preocupação com a situação da Ucrânia.

Embora a Rússia possa não ter força para uma ofensiva decisiva, a Ucrânia enfrenta limites às perdas que pode suportar. Com uma estratégia ocidental pouco clara além de enfraquecer a Rússia, a perspetiva de uma vitória ucraniana parece cada vez mais remota, avisa Frank Ledwidge.

As potências ocidentais devem agora confrontar as questões éticas da guerra: o sucesso ainda é possível? E justifica o custo?

Uma abordagem pragmática deve começar por aceitar a perda da Crimeia, Donetsk e Lugansk.

A NATO e os EUA devem desenvolver um plano realista para a Ucrânia no pós-guerra, garantindo apoio contínuo à independência e recuperação do país, finaliza o especialista.

ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

2 Comments

  1. Quem escreveu este artigo? Alguém do circulo da KGB? A Rússia nunca perdeu uma guerra? Invasão mongol (1237-1240), Guerra da Livônia (1558-1583), Guerra Russo-Otomana (1710-1713), Guerra da Crimeia (1853-1856), Primeira Guerra Mundial (1914-1918), Guerra do Afeganistão (1979-1989)… A única guerra que não perdeu foi a Segunda guerra mundial por terem apoio dos Aliados em fornecer armas e usarem população do império e não a própria…

    • Faltou-lhe a Guerra Russo-Japonesa de 1904-05. Mas quanto às guerras com os Otomanos, no computo geral os Russos ficaram a ganhar. Quanto à situação actual, também acho irrealista esperar que a Ucrânia vença esta guerra (infelizmente), até porque o Ocidente tem muitas reservas em prestar um auxilio equivalente ao que a Rússia recebe, ou receberá, do Irão, da China, da Coreia do Norte e sabe-se lá de onde mais…

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.