O Festival Eurovisão da Canção assume contornos políticos depois de os serviços secretos da Ucrânia terem decidido impedir a concorrente da Rússia, Julia Samoilova, de entrar no país.
Esta medida surge após se ter confirmado que Julia Samoilova actuou, em 2015, na Crimeia, território anexado pela Rússia em 2014.
Os serviços secretos consideram que a visita da ex-concorrente do Factor X russo foi “ilegal” e portanto, decretaram que ela está impedida de entrar na Ucrânia durante três anos.
Esta medida põe assim, em causa a participação da representante da Rússia no Festival Eurovisão da Canção que se vai realizar em Kiev, na Ucrânia, no próximo mês de Maio.
As autoridades russas falam numa decisão “cínica e desumana” e ameaçam boicotar os próximos Festivais Eurovisão, caso os responsáveis do concurso não defendam a participação de Julia Samoilova no concurso deste ano, conforme cita a BBC.
Entretanto, surgem rumores de que a Rússia escolheu propositadamente a cantora de 27 anos por saber da sua actuação na Crimeia, como uma forma de provocação à Ucrânia.
A ironia do caso é que, este ano, o lema da Eurovisão é “celebrar a diversidade” e Julia Samoilova sofre de Atrofia Muscular Espinhal, precisando de uma cadeira de rodas para se deslocar desde criança.
A Ucrânia venceu o Festival do ano passado, disputado na Suécia, com a música “1944” da cantora Jamala que aborda as deportações em massa dos tártaros da Crimeia, levadas a cabo durante o regime de Estaline, aquando da II Guerra Mundial.
Esta canção causou, na altura, muito desconforto aos russos que chegaram a dizer que a sua vitória na Eurovisão foi “um acto de guerra” contra a Rússia.