Turquia acusa Alemanha de racismo por pretender o fim das negociações de adesão à UE

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UNAOC / Flickr

Recep Tayyip Erdogan, Presidente da Turquia

O Governo turco acusou, esta segunda-feira, a chanceler alemã e o líder social-democrata de “estimularem o racismo e a discriminação” por proporem a suspensão definitiva das negociações de adesão da Turquia à União Europeia.

“A política maioritária alemã, que resvala para o populismo e a intenção de ver o ‘outro’ apenas como inimigo, apenas estimula a discriminação e o racismo“, disse o porta-voz da presidência da Turquia, Ibrahim Kalin, na sua conta no Twitter.

Kalin, através de uma série de novas mensagens, reagiu desta forma às declarações de Merkel e Schulz no debate televisivo de domingo, no âmbito da campanha eleitoral alemã, em que defenderam o fim do processo de integração da Turquia na UE, que na prática se encontra suspenso.

O porta-voz assegurou “não ser por acaso” que os dois políticos alemães “atacaram a Turquia e o PresidenteErdogan, refletindo assim a estreiteza das visões da Europa“.

O responsável turco repetiu a acusação de que a Alemanha fornece asilo a membros do proscrito Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), e da confraria do predicador exilado Fethullah Gülen (Organização Terrorista Fethullah Gülen, FETÖ, de acordo com a designação de Ancara), e acusado de ter fomentado o fracassado golpe de Estado de julho de 2016.

“Será que a Alemanha não se apercebe que não está a apoiar a democracia mas antes terroristas e golpistas, ao acolher [membros] do PKK e da FETÖ”, questionou Kalin.

“Pouco importa qual o partido que vai vencer [as legislativas] na Alemanha. Porque já ficou claro que mentalidade vai ganhar”, acrescentou.

“Esperamos que o ambiente problemático, cujas vítimas são as relações turco-alemães num curto horizonte político, se altere o mais depressa possível”, concluiu Kalin.

Horas mais tarde, o ministro para os Assuntos europeus turco, Ömer Çelik, também se pronunciou no mesmo sentido no Twitter, ao acusar a Alemanha de “construir um muro de Berlim” em direção à Turquia.

“É necessário que o prejuízo que Schulz provoca à social-democracia com a sua linguagem, que é igual à de Marine Le Pen [líder da direita radical francesa], não infete a política alemã”, assinalou.

Não aceitamos essa falta de respeito da Turquia e responderemos de forma equivalente”, acrescentou o ministro turco, citado pela agência noticiosa EFE.

A tradicional boa relação entre Berlim e Ancara tem vindo a deteriorar-se desde a condenação pelo Parlamento alemão, em junho de 2016, do genocídio arménio no decurso do Império otomano em 1915, e que Ancara considerou uma afronta.

A Turquia vetou primeiro a visita de deputados alemães aos seus soldados estacionados na base turca de Incirlik, com Berlim a anunciar de seguida a transferência destes militares para uma base na Jordânia.

A situação agravou-se no decurso do referendo constitucional de abril na Turquia, e com a detenção de prisão preventiva de diversos cidadãos alemães na Turquia, alguns com dupla nacionalidade, e baseadas em acusações políticas.

No entanto, o Governo alemão confirmou hoje que um dos 12 alemães detidos por motivos políticos na Turquia, que foi preso na semana passada, saiu em liberdade.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros germânico anunciou ter sido informado pelo advogado do detido desta “notícia positiva” e assinalou que saiu em liberdade “sem condições”, não devendo existir obstáculos para o seu regresso à Alemanha.

Após esta decisão judicial, permanecem detidas na Turquia 54 pessoas com cidadania alemã, incluindo Denis Yücel, o correspondente turco-alemão do diário Die Welt, que na sexta-feira cumpriu 200 dias na prisão, referiu a EFE.

Ainda na sexta-feira, Merkel condenou estas novas detenções de cidadãos alemães por motivos políticos e considerou que a maioria dos casos “carecem de qualquer fundamento”.

// Lusa

2 Comments

  1. Acho muito bem este ditador que que impor no seu pais a pena de morte que manda prender todos aqueles que se opõem ao regime, nunca poderia fazer parte da união Europeia. Espero que não voltem atrás na decisão nem que se acobardem perante ás ameaças e as chantagens que agora ele fará

  2. A culpa da tentativa de entrada da Turquia na UE é toda da Alemanha, mas agora, felizmente, acordaram e já são contra!!
    Mais vale tarde do que nunca!

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