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Turistas voltam a viajar, mas optam pelo low-cost

Timo Breidenstein / wikimedia

Mesmo num contexto de pandemia mundial o desejo de ir de férias continua vivo. Os turistas voltaram a procurar voos, contudo as opções recaem em percursos de curta distância e mais económicos.

Ao longo dos últimos meses muitas foram as companhias aéreas a entrar em situação de crise económica. Agora, a indústria da aviação está desesperada para saber se as pessoas irão sair do confinamento ansiosas por voar.

Segundo o The Wall Street Journal, a resposta vinda da Europa é positiva, apesar dos riscos que visitar outro país pode representar para saúde. Contudo as opções dos turistas têm recaído sobre férias mais baratas.

Perante esta situação, algumas companhias aéreas já começam a fazer contas. No caso da transportadora alemã Lufthansa, esta prevê que os volumes de tráfego de curta distância recuperem mais rapidamente do que os de longa distância.

Esta quinta-feira a Lufthansa anunciou um prejuízo líquido, no segundo trimestre, de 1,5 mil milhões de euros. Embora se trate de uma queda abrupta, acabou por ser um pouco melhor do que os analistas da empresa esperavam.

É um facto que a atividade aérea registada no passado mês de julho, revelou sinais bastante encorajadores de recuperação. Isto espelha a forma como os consumidores se sentem em relação a voar.

No entanto, a natureza desta recuperação aponta para uma diferença ainda maior do que antes entre as companhias aéreas tradicionais com modelos hub-and-spoke, ou seja, com uma infra-estrutura de distribuição radial, e empresas económicas que operam em rotas ponto a ponto.

A Lufthansa prevê agora que o seu volume de tráfego de curta distância seja apenas 40% do alcançado em 2019 no terceiro trimestre, e 50% no quarto. Números que se mostram animadores em comparação com os previstos em relação aos voos de longa distância, que representam um volume de 20% e 50%, respetivamente.

Estes números mostram o que outras companhias europeias têm vindo a dizer: é preciso ser prudente na decisão de trazer de volta as viagens de longa distância. No caso da British Airways as viagens transatlânticas representam metade da receita. Ainda assim estas viagens são restritas após um surto de novos casos nos EUA e na Europa.

A nível de viagens empresariais, que têm grande peso nas rotas de longa distância, os passageiros executivos representam 15% dos passageiros dos voos, o que se traduz em 40% da receita das companhias aéreas. Segundo a International Air Transport Association, não é de esperar que os ganhos neste tipo de viagens recuperem ao mesmo ritmo da economia.

Contrariamente, o desejo dos turistas de passar férias no exterior parece não ser abalado pelo medo, mesmo depois do ressurgimento de casos de coronavírus em destinos como Espanha, que foi colocada na lista de quarentena pelo Reino Unido.

De acordo com a organização pan-europeia de segurança aérea, Eurocontrol, as rotas do Reino Unido-Espanha não foram afetadas nas últimas duas semanas.

A boa notícia para os investidores é que as previsões sobre o fim das viagens low-cost já começam a mostrar-se infundadas. As ações da EasyJet na Europa, e da Spirit Airlines nos EUA, que foram tão punidas como as das companhias aéreas tradicionais, têm agora a possibilidade de recuperar mais rapidamente.

A má notícia é que os turistas em busca de descontos e voos de curta distância, não arrecadam lucros suficientes para compensar a grande fatia da indústria aérea.

ZAP //

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