Só foi primeira-ministra durante um mês e meio mas tem direito a um subsídio até à sua morte.
O ambiente já estava mau, os sinais já se tinham multiplicado e a confirmação chegou nesta quinta-feira: Liz Truss deixará de ser primeira-ministra do Reino Unido.
Foi a própria primeira-ministra, agora interina, que anunciou a sua demissão, no número 10 da Downing Street.
Como seria expectável, já se começou a escrever sobre quem vai suceder a Liz Truss. Com Boris Johnson na lista.
Mas também já se começou a falar sobre o que vai suceder a Liz Truss. Nomeadamente a nível financeiro.
O jornal The New York Times lembra que a futura ex-primeira-ministra, mesmo só tendo liderado o Governo de Londres durante um mês e meio, tem direito a uma pensão vitalícia.
E não é uma pensão simbólica: máximo de 115 mil libras por ano, o que se traduz em 131 mil euros anuais, ou praticamente 11 mil euros por mês.
O subsídio vitalício está previsto na Lei do Reino Unido, no denominado Subsídio de Custos de Serviços Públicos – pago pelos contribuintes, recorde-se.
Foi implementado apenas em 1991, depois da saída de Margaret Thatcher, e é um plano de reembolso do Governo para funcionários e custos salariais incorridos por ex-primeiros-ministros – que é uma “posição especial na vida pública”.
Foi introduzido para “auxiliar antigo primeiros-ministros ainda activos na vida pública. Os pagamentos são feitos apenas para cobrir o custo real de continuar a cumprir os deveres públicos“, lê-se na explicação oficial.
Qualquer antigo primeiro-ministro tem direito a pedir esta pensão (exceptuando os ex-líderes do Governo que agora são líderes da oposição).
O subsídio é reduzido se o antigo primeiro-ministro estiver a exercer outro cargo público.
E, além dos 11 mil euros por mês, cada ex-primeiro-ministro pode pedir outro subsídio de pensão, para contribuir nas despesas com a pensão dos seus colaboradores (máximo de 10% do seu subsídio).
A oposição já reclamou. Christine Jardine, do Partido Liberal, alega que os outros antigos primeiro-ministro têm direito porque estiveram no cargo, no mínimo, 2 anos. Truss foi líder durante 45 dias.
“O legado de Truss é um desastre económico – pelo qual os conservadores estão a fazer com que os contribuintes paguem a conta”, completou Christine Jardine, que acha que essa pensão seria um “gosto amargo na boca” de milhões de pessoas.
Liz Truss tem direito a essa pensão. Mas não se sabe se a vai pedir.