“Ciúmes” levaram Trump a tirar EUA da OMS: “foram rancores pessoais”

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Stefani Reynolds / EPA

O ex-Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump

Trump ainda guarda ressentimentos do início da pandemia: acredita que a OMS tratou melhor a China do que os EUA, e agora milhões de pessoas vão ser afetadas pelo “beef” com Tedros.

O novo Presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou há uma semana a retirada dos Estados Unidos da Organização Mundial de Saúde (OMS) e reacendeu, assim, uma velha batalha contra o organismo e o seu líder, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

A medida, que ameaça cortar centenas de milhões de dólares em contribuições americanas, deve afetar milhões de pessoas de todo o mundo. A saída deve-se, em grande parte, a um ressentimento de longa data entre Trump e Tedros, avança o jornal Politico esta quarta-feira.

Os problemas de Trump com a OMS remontam aos primeiros dias da pandemia da COVID-19, quando o empresário acusou Tedros de encobrir a responsabilidade da China e de favorecer o governo chinês.

O ex-ministro da Saúde da Etiópia, que lidera a OMS desde 2017, repetiu inicialmente as declarações chinesas sobre a transmissão do vírus e elogiou a resposta da China, mas tanto ele como a OMS negam alegações de favoritismo.

Numa carta de 2020, Trump acusou Tedros de repetir afirmações chinesas enganosas sobre a transmissão do vírus e de atrasar a declaração de uma emergência internacional, alegadamente devido à pressão chinesa.

O seu jogo político nesta questão foi mortal, uma vez que outros governos, confiando nos seus comentários, adiaram a imposição de restrições às viagens de e para a China que poderiam salvar vidas”, escreveu Trump.

O impacto da saída dos EUA e as exigências de Trump

Os EUA contribuem com muito para o orçamento da OMS, com quotas obrigatórias de 130 milhões de dólares por ano e contribuições voluntárias substanciais que vão de 105 milhões de dólares em 2020 a quase 700 milhões de dólares em 2022.

Já as contribuições voluntárias da China, têm-se mantido em cerca de 14 milhões de dólares por ano.

Isto é demasiado importante para ser deixado ao sabor de rancores pessoais“, diz Larry Gostin, dirigente de um centro que assiste a OMS em questões jurídicas, ao Politico: “terão de pôr de lado os seus problemas pessoais e dedicar-se à tarefa de reforçar a OMS e de a reformar significativamente”.

A OMS já tomou medidas de redução de custos em antecipação à retirada dos EUA,garante. Especialistas em saúde pública alertam, mesmo assim, que a decisão pode enfraquecer muito as iniciativas globais de saúde e dificultar o combate a surtos de doenças.

O futuro das relações entre os EUA e a OMS

Há muito que Trump insiste que a OMS precisa de reformas, especialmente na forma como as quotas dos membros são calculadas — embora ainda não tenha apresentado um projeto pormenorizado.

Trump já tinha anunciado a retirada dos EUA da OMS em julho de 2020, durante o seu primeiro mandato, mas Joe Biden reverteu a decisão quando assumiu o cargo em 2021. Trump rescindiu agora a ordem de Biden, colocando mais uma vez os EUA alinhados para sair da OMS.

Tedros contraria Trump e garante que a OMS implementou reformas para reforçar a “responsabilidade e a relação custo-eficácia”, dando ênfase à neutralidade da organização nestes processos.

“A OMS, a sua liderança sénior e todo o pessoal operam com base na imparcialidade e na neutralidade, e realizam o nosso trabalho impulsionados pela busca da ciência, da evidência e da garantia de que todas as pessoas, em todos os lugares, são capazes de atingir os mais altos níveis possíveis de saúde física e mental e bem-estar”, disse porta-voz da organização ao jornal focado na política europeia.

Embora os apoiantes de Trump discordem, críticos alertam para um facto que não lhes agrada: a retirada da organização pode também enfraquecer a influência dos Estados Unidos na formulação de políticas de saúde globais.

Mas o “fracasso da OMS em adotar reformas urgentemente necessárias e a sua incapacidade de demonstrar independência em relação à influência política inadequada dos Estados membros da OMS”, citando Trump, parece sobrepor-se. E há outro problema: Tedros “é muito, muito parecido com Trump”, diz um ex-funcionário da saúde dos EUA ao Politico, que acredita que o líder da OMS não cederá a pressões.

Tomás Guimarães, ZAP //

4 Comments

  1. Trump sabe quem está por detrás da OMS. A máfia dos laboratórios farmacêuticos e o GAVI da best@ Gates manipulam a OMS. Tedros tal como Guterres são as marionetas nas mãos de quem realmente MANDA. BlackRock, Vanguard… o teu fundo de investimento, ó cidadão pacifista e bem intencionado.

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  2. O facto do líder da OMS ser um ex primeiro-ministro da Etiópia da logo uma pista da competência do sujeito, oriundo dum país k a saúde tratar-se com bruxedos. Além disso a Etiópia é um dos principais clientes do regime de Pequim

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  3. Acho mesmo é interessante que se declare que a China apenas contribua com pouco mais de duas dúzias de milhões de usd, que os EUA contribuem com mais de pelo menos 130+105 milhões de usd e depois em vez da comunidade internacional pressionar a China a gastar dinheiro com isto, acusar os EUA que está a fazer mal a muita gente. É mesmo hipocrita.
    Pior, apenas ser pelos vistos do conhecimento geral que o problema de base é o líder da OMS ser o pastelão que é e se deixar o tipo no poleiro mesmo depois de estar a impedir que os EUA contribuam… Se isto não é visivelmente um “tacho” para o Tedros, não sei o que será…

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