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EUA vão explorar petróleo e gás no Alasca, o “último grande refúgio de vida selvagem” do país

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David Butman / University of Washington

O Departamento do Interior norte-americano aprovou um programa de exploração de petróleo e gás na Reserva Nacional de Vida Selvagem do Ártico, no Alasca, extenso lar para ursos polares, renas e outros animais selvagens.

De acordo com o jornal britânico The Guardian, a administração Trump está a dar os últimos passos necessários para permitir que empresas de prospeção de petróleo e gás possam fazer furos no estado do Alasca.

Em declarações ao The Wall Street Journal, o secretário David Bernhardt, responsável pelo Departamento do Interior dos Estados Unidos, disse que vai ser aberto um leilão para a concessão de prospeções até ao final do ano.

Segundo a Sociedade de Jornalistas do Ambiente, o espaço onde as empresas de petróleo e gás poderão vir a fazer prospeções é reconhecido como o “último grande refúgio de vida selvagem” dos Estados Unidos.

Este espaço no nordeste do Alasca cobre quase 77 mil quilómetros quadrados. A decisão da administração Trump irá libertar 6474 quilómetros quadrados para serem explorados. Alguns animais, como ursos polares, raposas e aves, dependem do local para fazerem as suas migrações.

“O Congresso deu-nos a indicação para realizar vendas de leasing na planície costeira da ANWR e demos um passo significativo no cumprimento das nossas obrigações, ao determinar onde e em que condições o programa de desenvolvimento de petróleo e gás irá ocorrer“, disse Bernhardt.

“Em nenhum outro lugar das cinco nações do círculo Polar Norte há uma vida selvagem tão abundante e diversa”, disse Adam Kolton, diretor executivo da Alaska Wilderness League.

Kolton frisou que o clima “está em crise” e “os preços do petróleo afundaram”. Porém, “a administração Trump continua a sua corrida para liquidar o último grande deserto da nossa nação, pondo em risco os povos indígenas e a icónica vida selvagem que dele dependem”.

Bernadette Demienti, diretora executiva do comité de direção Gwich’in, uma tribo, fala em razões ancestrais, alegando que o seu povo teve uma conexão espiritual e cultural com os alces caribu, uma das espécies ameaçadas, “desde tempos imemoriais”.

O Congresso dos Estados Unidos aprovou o programa em 2017 e o Gabinete de Gestão de Terras, em dezembro de 2018, concluiu que a perfuração poderia ser feita na zona de planície costeira sem prejudicar a vida selvagem. Ainda não se sabe se as empresas vão querer mesmo perfurar a área em breve, uma vez que o petróleo é barato e abundante noutros lugares.

ZAP // Lusa

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4 Comments

  1. O Alasca, em termos de biodiversidade boreal e extensão territorial, poderia ser comparado à amazônia subtropical. Lá ninguém está fazendo protestos ou insinuando em “internacionalização do território” quando alguém vem com a ideia de explorar gás e petróleo nesse território. Dois pesos e duas medidas para o mesmo. O ecossistema amazônico, que representa quase 60% do território brasileiro, está praticamente intocada e é muito atacada por madeireiros clandestinos cujos clientes estão em Europa e Estados Unidos.

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