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Donald Trump garante ter pagado impostos. Só não apresentou provas

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Nathan Congleton / Flickr

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump

Esta segunda-feira, o Presidente norte-americano afirmou que pagou milhões de dólares ao Tesouro sem, no entanto, ter apresentado qualquer prova.

Para se defender da reportagem publicada pelo The New York Times – que revela que o Presidente dos Estados Unidos pagou apenas 750 dólares (645 euros) em impostos federais em 2016, ano em que foi eleito, e outro tanto em 2017 -, Donald Trump escreveu no Twitter vários ataques à imprensa.

“Os falsos meios de comunicação, como na altura das eleições de 2016, estão a trazer à tona os meus impostos e todo o tipo de disparates com informações obtidas ilegalmente e apenas com más intenções. Paguei muitos milhões de dólares em impostos, mas tinha direito, como toda a gente, à depreciação e a créditos fiscais”, argumentou na rede social.

“Se olharmos para os bens extraordinários da minha propriedade, o que a falsa notícia não fez, estou extremamente em vantagem, tenho muito pouca dívida em comparação com o valor dos ativos”, explicou Trump, sublinhando que te uma dívida reduzida face aos bens de que é proprietário.

“Muita dessa informação está registada, mas há muito que digo que posso publicar as demonstrações financeiras desde a altura em que anunciei que me candidatava à presidência, mostrando todas as propriedades e dívidas”, sublinhou.

Além disso, Donald Trump frisou ser “o único presidente que se saiba ter renunciado ao prémio anual de 400.000 dólares do salário presidencial”.

O jornal norte-americano teve acesso às declarações fiscais do chefe de Estado de há mais de duas décadas, incluindo os seus dois primeiros anos na Casa Branca. Segundo o NYT, em 10 dos 15 anos anteriores à sua ascensão ao poder, Trump não teve de pagar imposto sobre o rendimento porque alegou ter sofrido perdas superiores aos seus rendimentos.

Além disso, o diário revelou que o Presidente dos Estados Unidos tem uma dívida de 421 milhões de dólares, que terá de pagar nos próximos quatro anos.

Pelosi: revelações são problema de “segurança nacional”

A presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, a democrata Nancy Pelosi, considerou esta segunda-feira que as revelações sobre as declarações de impostos do Presidente norte-americano são um problema de “segurança nacional”.

Em entrevista à cadeia de televisão NBC, Pelosi afirmou que a divulgação destas informações coloca em causa a segurança para o país, uma vez que podem constituir prova de eventuais ingerências de outros países, de lobbies, na governação do chefe de Estado durante os últimos quatro anos.

“Este Presidente parece ter uma dívida de mais de 400 milhões de dólares. A quem? A diferentes países? Qual é a alavancagem [da dívida] que tem? Na minha opinião, é uma questão de segurança nacional”, explicitou a democrata em entrevista citada pela EFE.

Pelosi instou também Trump a esclarecer estas dúvidas: “Fazemos um juramento de proteger e defender [o país]. Este Presidente é o comandante [das Forças Armadas norte-americanas]. Tem uma exposição de crédito de várias centenas de milhões de dólares. A quem? O público tem o direito de saber”, rematou.

ZAP // Lusa

11 Comments

  1. Pois, parece que anda por aqui muita gente a sofrer de hipercorreção…
    É o “Zap”, o “Back to school”, “o Bear, The” …
    Em português atual diz-se pago, quer com os verbos ter e haver, quer com os verbos ser e estar.
    Existem regras e excreções às regras. O particípio passado do verbo pagar é uma dessas exceções. Utilizar-se pago (em vez de pagado) como particípio passado do verbo pagar está correto em todas as situações.
    Parece-em que o Zap está a mudar, ou então fui eu que nunca o conheceu muito bem.
    São notícias tendenciosos, é a censura, é a não publicação de comentários, são “notícias” com interpretações pessoais que ultrapassam os factos, e agora é a falta de humildade que permitiria corrigir um erro, ou pelo menos dar uma resposta diferente a uma observação feita por um leitor.

    • Caro leitor,
      Obrigado pelo seu feedback.
      Quando na dúvida acerca do uso correto da língua portuguesa, nomeadamente quando a mesma é suscitada pelos nossos leitores, o ZAP recorre a fontes de conhecimento que considera reputadas.
      É o caso do dicionário Priberam, e da Infopedia da Porto Editora.
      Neste caso concreto, de acordo com a Infopedia, “pagado” é utilizado nos tempos compostos com os verbos auxiliares ter e haver, pago é usado com os verbos auxiliares ser e estar.
      A Infopedia não refere nenhuma exceção à regra.
      Inúmeras outras fontes sustentam que as formas corretas são “ter pagado”, “ser pago”. Não nos foi possível encontrar nenhuma referência, em fonte reputada ou não, a que “ter pago” seja uma exceção. Apenas que “ter pagado” soa muito mal, posição com que concordamos totalmente.
      É alias frequente, quando escrevemos “ter pagado”, comentar na redação que “isto soa muito mal, mas é a forma correta”. E que “vamos ter comentários de leitores a corrigir-nos”.
      Sim, como diz, temos um problema de “hipercorreção”. O que talvez seja saudável e nos agrada. E é preferível ter comentários a corrigir-nos e ter que lhes responder, do que escrever erradamente só porque da forma correta soa muito mal.
      Neste caso concreto, obrigado pela sua exposição. Mas neste momento, tendo de um lado a sua opinião de que “ter pago” está correto, e do outro lado todas as outras fontes de conhecimento que nos apontam para a posição contrária, lamentamos ter que optar por seguir as orientações destas últimas. Continuaremos a escrever “ter pagado” até encontrarmos fonte reputada que nos corrija, mesmo sabendo que soa mal e que nos vão “corrigir”, e que teremos que responder, e que talvez não tenhamos tempo para o fazer de forma que não nos sujeite a acusações de falta de humildade.
      Quanto à parte do comentário em que arrasa o ZAP (perdoe-nos que usemos esta expressão, como sabe somos muito libertinos a usar o verbo arrasar), não vemos necessidade de discutir o assunto. Já lhe explicamos a diferença entre a “censura” e a defesa intransigente da nossa dignidade, bom nome, e direito de informar sem sermos pressionados sobre o que devemos ou não noticiar. Como o seu arraso foi feito de forma educada, sem recorrer ao insulto (com a possível exceção das aspas na palavra notícias, que deixamos escapar), é apenas a sua opinião. E ao contrário do que sustenta, não temos por hábito “censurar” as opiniões educadas dos nossos leitores — pelo contrário.

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