Tropas ucranianas penetraram na primeira linha de defesa russa

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Oleg Petrasyuk / EPA-EFE

Tanque T-72 de origem soviética fornecido pela Chéquia ao exército da Ucrânia

Um dos principais oficiais do exército ucraniano reivindicou um avanço significativo nas linhas de defesa russas no sul da Ucrânia, numa entrevista divulgada hoje pelo jornal britânico The Guardian.

“Estamos agora entre a primeira e a segunda linha de defesa russa”, disse o general Oleksandr Tarnavskiy, responsável pela contraofensiva ucraniana no sul, segundo a agência francesa AFP.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, rejeitou recentemente críticas sobre a suposta lentidão da contraofensiva lançada em junho para retomar os territórios conquistados pela Rússia depois da invasão de há pouco mais de 18 meses.

Em entrevista ao The Guardian, o general Tarnavskiy refere que as forças ucranianas estão “agora na fase final da destruição das unidades inimigas responsáveis pela proteção das tropas russas quando estas se retiram para trás da segunda linha de defesa”.

De acordo com o general, cujas tropas libertaram a cidade de Kherson no ano passado, as forças de Moscovo “estavam simplesmente paradas à espera do exército ucraniano” e já se reposicionaram na zona.

O inimigo está a utilizar as suas reservas, não só na Ucrânia mas também na Rússia. Mais cedo ou mais tarde, os russos vão ficar sem os melhores soldados. Isto dar-nos-á a oportunidade de os atacar mais e mais rapidamente”, afirmou.

Tudo ainda está para vir”, disse o general, que atribuiu a lentidão da ofensiva à necessidade de retirar as minas dos territórios ocupados pelos russos, que demorou “mais tempo do que o previsto”.

Disse ainda que tem sido difícil retirar os feridos da linha da frente, o que também tem complicado o avanço das tropas.

Tarnavskiy admitiu que as forças ucranianas sofreram perdas significativas, mas sem especificar quantas. “Quanto mais nos aproximamos da vitória, mais difícil ela se torna. E porquê? Porque, infelizmente, estamos a perder os nossos melhores e mais fortes soldados”, explicou.

“Agora, temos de nos concentrar em certas áreas e terminar o trabalho. Por muito difícil que seja para cada um de nós”, acrescentou.

A Ucrânia tem recebido armamento dos aliados ocidentais, que também decretaram sanções contra Moscovo para tentar diminuir a sua capacidade de financiar o esforço de guerra.

O número oficial de baixas civis e militares do conflito é desconhecido, mas diversas fontes, incluindo a ONU, admitem que será elevado. As informações divulgadas pelas duas partes sobre o curso da guerra não podem ser verificadas de imediato de forma independente.

Moscovo recruta nos países vizinhos

A Rússia encorajou o recrutamento de cidadãos de países vizinhos para combater na Ucrânia, disseram hoje os serviços secretos britânicos, que atribuíram estes esforços à tentativa de evitar os efeitos políticos de uma mobilização.

“A Rússia quer, provavelmente, evitar medidas de mobilização impopulares no período que antecede as eleições presidenciais de 2024”, disseram os peritos britânicos no relatório diário sobre o conflito, divulgado pelo Ministério da Defesa.

As autoridades russas colocaram anúncios na Internet na Arménia e no Cazaquistão, oferecendo 4.800 euros como entrada e um salário de 1.800 de euros, refere o relatório.

No caso do Cazaquistão, houve esforços específicos de recrutamento na região de Kostanai, com apelos à população de etnia russa.

Desde pelo menos maio passado, a Rússia tem vindo a tentar aliciar migrantes asiáticos, oferecendo a possibilidade de se juntarem às tropas na Ucrânia em troca de cidadania e de salários até 4.160 dólares (3.800 euros).

Segundo os serviços britânicos, na cidade ucraniana de Mariupol, ocupada pelas tropas russas, foram confiscados passaportes a imigrantes uzbeques, principalmente trabalhadores da construção civil, como medida de pressão para se juntarem aos combates.

Só na Rússia, há pelo menos seis milhões de imigrantes da Ásia Central que Moscovo vê como “potenciais recrutas”, acrescentaram, segundo a agência espanhola Europa Press.

Em setembro, a Rússia teve de recorrer a uma mobilização parcial para fazer face às perdas na linha da frente, o que permitiu recrutar pelo menos 300 mil soldados. A mobilização provocou, no entanto, a fuga de centenas de milhares de russos para o estrangeiro.

Desde a primavera, o exército russo tem levado a cabo uma campanha de recrutamento voluntário, recorrendo a publicidade nas ruas e na Internet para prometer salários particularmente atrativos e benefícios sociais e bancários aos futuros soldados.

O ex-presidente russo Dmitri Medvedev afirmou hoje que o exército recrutou cerca de 280 mil militares desde o início do ano, mais 50 mil dos que os números divulgados em agosto.

“De acordo com os dados do Ministério da Defesa, cerca de 280 mil pessoas foram aceites, mediante contrato, nas fileiras das forças armadas desde 1 de janeiro”, afirmou Medvedev, citado pela agência noticiosa estatal TASS.

No início de agosto, Medvedev tinha anunciado o recrutamento de mais 230 mil pessoas desde o início do ano, segundo a agência francesa AFP.

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. Só gente muito brava consegue, sem apoio aéreo, avançar sobre o poderoso exército russo! E andam no Ocidente os estrategas de sofá a criticar a lentidão da contra ofensiva ucraniana!… Força, ucranianos! A doce vitória espera-vos!

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