Após quatro anos do grande incêndio que vitimou 66 pessoas, a região de Pedrógão Grande está de novo em ponto de combustão.
A 17 de junho de 2017, o incêndio de Pedrógão Grande matou 66 pessoas e deixou feridas mais de 250, além de cerca de 500 casas destruídas. No total, arderam mais de 53 mil hectares, destruindo por completo a floresta da região centro.
José Bento Gonçalves e Joaquim Sande Silva são dois dos investigadores que alertam para a probabilidade de o fenómeno se repetir, já este ano ou nos anos futuros.
José Bento Gonçalves, professor e investigador na Universidade do Minho e presidente da Associação Portuguesa de Geógrafos, alerta que “se não atuarmos rapidamente, tentando recuperar destes últimos quatro anos, 2017 poderá repetir-se em vários locais deste país”.
“Conhecendo o histórico dos nossos incêndios, às vezes pergunto-me se não aprendemos porque não queremos aprender, ou, por outro lado, se não queremos atuar. Ou então é porque a nossa memória é muito curta“, sublinha o professor, que esta semana participou num webinar alusivo ao grande incêndio de Pedrógão Grande.
Já José Bento Gonçalves reconhece a importância de programas como as aldeias seguras ou as unidades locais de Proteção Civil, mas considera que não chega o que está a ser feito.
“Tem de chegar a todas as pessoas. A televisão pública deveria servir também para passar pequenas mensagens, simples e diretas, para que todos saibam como agir no caso de um fogo. Imagine as pessoas que vão da cidade visitar os avós (como aconteceu em 2017) e são apanhadas num fogo. O trabalho das aldeias seguras não lhes chega. Por isso temos de massificar”, afirma o investigador.
Bento Gonçalves considera que “muito pouco foi feito” e que as políticas que vierem a ser implementadas terão de ser adaptadas a cada região. “É diferente se um fogo acontecer no Alvito ou Carrazeda de Ansiães”, frisa.
“A história vai-se repetindo e a nossa memória vai-se esquecendo. A maior parte dos violentos incêndios foi causando vítimas mortais. Até chegarmos ao mais violento, em 2017”, afirma Bento Gonçalves.
Segundo o Diário de Notícias, a região de Pedrógão Grande, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos voltou a ser um verdadeiro barril de pólvora, muito graças ao crescimento desordenado e exponencial do eucalipto, que depois do fogo se reproduziu de forma assustadora.
O Scapefire, projeto coordenado pela investigadora Manuela Raposo Magalhães e financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, também alerta para problemas como a morfologia do terreno e a combustibilidade da vegetação.
Incêndio em Pedrógão Grande
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O país continua completamente ao abandono e as zonas incendiadas estão a ficar em pior estado do que estavam antes. Não é com propaganda que se que resolvem as coisas, é com ações e os governantes fizeram todos muitas promessas e de seguida viraram costas uma vez mais ao interior do país. Com os milhares de milhões que vão chegar de mão beijada bom seria que uma boa parte fosse bem investida nessa região.