O módulo Insight da agência espacial norte-americana (NASA) usou o seu braço robótico para ajudar a sua sonda de calor, conhecida como “toupeira”, a cavar quase 2 centímetros na semana passada.
Embora modesto, este movimento é significativo: construída para cavar até 5 metros no subsolo a fim de medir o calor que sai do interior do planeta, a toupeira conseguiu enterrar-se apenas parcialmente desde que começou a martelar em fevereiro de 2019.
O movimento recente é o resultado de uma nova estratégia, alcançada após extensos testes na Terra, que descobriram que um solo inesperadamente forte está a impedir o progresso da toupeira. A toupeira precisa de fricção do solo circundante para se mover: sem fricção, o recuo da sua ação auto-marteladora faz com que simplesmente salte no lugar. Pressionando a pá do braço robótico do InSight contra a toupeira, uma nova técnica chamada “fixação”, parece fornecer à sonda o atrito necessário para continuar a escavar.
Desde o dia 8 outubro de 2019, a toupeira martelou 220 vezes em três ocasiões distintas. Imagens enviadas pelas câmaras do módulo mostraram a toupeira a progredir gradualmente no solo. Vai levar mais tempo para a equipa ver até onde a toupeira pode ir.
A toupeira faz parte de um instrumento chamado HP3 (Heat Flow and Physical Properties Package), fornecido pelo Centro Aeroespacial Alemão. “Ver o progresso da toupeira parece indicar que não há pedras a bloquear o nosso caminho,” disse o investigador principal do HP3 Tilman Spohn do DLR. “São ótimas notícias! Estamos torcendo para que a nossa toupeira continue.”
O JPL da NASA em Pasadena, no estado norte-americano da Califórnia, lidera a missão InSight. O JPL testou o movimento do braço usando réplicas 1:1 do InSight e da toupeira. Os engenheiros continuam a testar o que aconteceria se a toupeira afundasse sob o alcance do braço robótico. Se parar de progredir, podem raspar o solo por cima da toupeira, acrescentando massa para resistir ao recuo da toupeira.
Se não existirem outras opções, considerariam pressionar a pá diretamente no topo da toupeira enquanto evitavam o cabo sensível: este fornece energia e retransmite dados do instrumento. “A toupeira ainda tem um longo caminho a percorrer, mas estamos todos entusiasmados por vê-la a escavar novamente,” disse Troy Hudson do JPL, engenheiro e cientista que liderou o esforço de recuperação da toupeira.
“Quando encontrámos este problema, foi esmagador. Mas pensei, ‘talvez exista uma hipótese; vamos continuar a trabalhar.’ E agora, estou muito contente.”
// CCVAlg