Um carpinteiro canadiano decidiu construir abrigos para as pessoas que vivem nas ruas de Toronto. A autarquia considerou que são perigosos e apresentou uma providência cautelar.
De acordo com a empresa de media Vice, Khaleel Seivwright, carpinteiro de profissão, tem dedicado o seu tempo a construir pequenos abrigos para as pessoas que vivem nas ruas de Toronto, no Canadá.
A iniciativa, chamada Toronto Tiny Shelters, foi recebida com bons olhos pelos moradores da cidade, mas o mesmo não se pode dizer da autarquia, que decidiu apresentar uma providência cautelar no Tribunal de Apelação de Ontário contra a construção destes abrigos.
Entre as razões apresentadas para justificar esta decisão, o município explicou que o facto de serem de madeira torna estes abrigos perigosos (pelo potencial risco de incêndio) e considerou também que podem ter um efeito dissuasor entre os sem-abrigo, dificultando a tarefa de os tirar das ruas e de os levar para as instalações administradas pela autarquia.
Num comunicado divulgado na semana passada, a Câmara destacou que, entre 2019 e 2020, houve um aumento de 250% no número de chamadas de emergência relacionadas com incêndios nos acampamentos onde vivem estas pessoas, argumentando que estes abrigos improvisados foram uma das principais causas desta subida.
Em declarações à Vice, Brad Ross, porta-voz da cidade de Toronto, explicou que a providência cautelar está simplesmente a tentar afirmar um estatuto já existente que proíbe a construção de estruturas “ilegais” em passeios germinados, estradas e outras propriedades públicas.
Por sua vez, numa declaração escrita e num vídeo publicado esta segunda-feira, Seivwright considerou que a ação legal da autarquia é apenas uma “distração” das suas próprias falhas no que toca a cuidar das populações de maior risco.
“O problema não são estes abrigos”, afirmou o canadiano, mas sim o facto de estes sem-abrigo dizerem que “não têm para onde ir” e que “não confiam mais” no sistema de abrigos da cidade.
“A cidade de Toronto deve parar com esta providência cautelar e concentrar os seus esforços e recursos naquilo que realmente importa – colocar estas pessoas em casas seguras”, acrescentou.