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Theresa May pressionada a demitir-se

Stephanie Lecocq / Lusa

Theresa May, primeira-ministra britânica

Dirigentes conservadores e trabalhistas reuniram-se para mais uma ronda de conversações sobre a saída do Reino Unido da União Europeia enquanto a governante e líder dos conservadores recebe pressões internas para demitir-se.

Theresa May deve reunir-se com Graham Brady. O deputado preside ao Comité 1922, grupo parlamentar tory constituído por quem não tem cargos no governo, e que tem a responsabilidade de receber as cartas de colegas que pedem a demissão do líder e convocar uma moção de censura, como aconteceu em dezembro do ano passado. Theresa May recebeu 117 votos contra e 200 a favor.

Segundo as regras do partido, os deputados não podem desafiar a liderança nos 12 meses seguintes a uma moção de censura, embora tenha havido quem se mostrasse favorável a uma mudança do regulamento.

Graham Brady recusou a pretensão, mas pediu um “plano preciso” sobre o futuro de Theresa May. O mesmo afirmou Geoffrey Clifton-Brown, tesoureiro do Comité, à BBC, que apontou para as eleições europeias de dia 26: “Diria que, pouco tempo depois, seria altura de pensar em estabelecer um calendário para encontrar o seu sucessor.

Fontes do governo desvalorizam a reunião com o Comité 1922, dizendo que é rotina, mas a pressão para que May se demita está a aumentar. Os tories da associação de Clwyd South (País de Gales) foram os primeiros a mostrar o seu descontentamento. Votaram no dia 24 de abril sobre May na chefia do partido: 88,8% mostrou não ter confiança na primeira-ministra.

As organizações conservadoras locais vão realizar uma convenção nacional e daí sairá um voto de censura ou de confiança na sua liderança a 15 de junho. No entanto, este voto não é vinculativo, pelo que May pode não retirar as consequências. Não seria a primeira vez: May sofreu a maior derrota parlamentar de sempre, quando o seu acordo para o Brexit foi rejeitado e, no entanto, não se demitiu.

Espera-se que, escreve o Diário de Notícias, a primeira-ministra ofereça um compromisso aos trabalhistas e passe a bola do Brexit para as mãos de Jeremy Corbyn. Esse compromisso deverá passar por uma união aduaneira temporária e poderá interessar às lideranças dos dois partidos, que foram castigados nas eleições locais na semana passada.

A ideia de uma união aduaneira, ainda que temporária, não é aceite pelos conservadores brexiteers, nem por muitos trabalhistas que exigem uma união aduaneira permanente com a UE e um segundo referendo sobre qualquer acordo final.

O brexit, que era para acontecer a 29 de março, foi adiado. Os líderes europeus dos 27 países da União Europeia chegaram a um acordo para a nova data, ficando marcado para 31 de outubro de 2019 – também conhecido como o Dia das Bruxas. Esta data é o meio termo entre o pedido por Theresa May (30 de junho de 2019) e o desejado pela maioria dos países do Conselho Europeu (março de 2020).

Por não acreditar que o Reino Unido consiga ultrapassar nas próximas semanas a profunda divisão que se regista na Câmara dos Comuns – que já reprovou três vezes o Acordo de Saída “fechado” em novembro de 2018 entre a UE e o Governo britânico -, a UE a 27 voltou a rejeitar a data sugerida por May, 30 de junho, optando antes por uma extensão mais longa, como defendia Portugal.

ZAP //

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