Para que foi inventado o plástico bolha, o fracasso que se tornou uma indústria milionária

Indústria bilionária e, para muitos, o melhor aliviador de stress. O substituto do papel de jornal amarrotado entrou para matar o jogo. Mas demorou a fazê-lo.

Hoje em dia, o plástico-bolha está em praticamente tudo o que é novo. Recebemo-lo com alegria não só porque a nossa encomenda chegou, mas porque estourar aquelas bolhinhas, por alguma razão sabe bem — e não é uma razão qualquer, a ciência explica, mas já vamos a isso.

Apesar de tudo, a indústria que hoje vale milhares de milhões nasceu de um autêntico fracasso, com objetivos totalmente diferentes dos que tem hoje.

A origem da invenção remonta a 1957, quando os inventores Alfred Fielding e Marc Chavannes — o primeiro engenheiro americano e o segundo um químico suíço —estavam a tentar criar um papel de parede texturado para agradar à geração Beat, que “pela estrada fora” se rebelou contra os valores tradicionais de consumismo para assumir inovadoras formas de expressão artística.

O resultado não foi exatamente o que os inventores esperavam quando selaram duas folhas de cortina de duche, com ar entre elas. Mal sabiam os parceiros que estavam a olhar não para uma porcaria qualquer, mas para o início de uma revolução na indústria das embalagens e transporte.

Essa revolução só começaria três anos depois, quando os dois inventores fundaram a empresa Sealed Air e encontraram o mercado ideal: proteção de equipamentos eletrónicos durante o transporte. A IBM, que acabava de lançar o computador 1401 – um marco na história da informática –, precisava de uma solução para enviar os seus delicados computadores em segurança. O Bubble Wrap (surpresa, surpresa) era o material ideal.

Depois disso, o plástico-bolha foi adotado por pequenas empresas de embalagens, substituindo o clássico papel de jornal amarrotado. Ao todo, foram concedidas seis patentes relacionadas com o processo de fabrico do Bubble Wrap, o que garantiu aos inventores o direito de explorar comercialmente a ideia.

Hoje, a Sealed Air ainda existe e é uma multinacional com mais de 15.000 funcionários e presença em 122 países. Em 2017, registou vendas de 4,5 mil milhões de dólares.

“Instinto? Rebentá-lo”

Ao mesmo tempo, o fenómeno prazeroso da rebentação das bolhas ganhava força – algo que até o filho de Alfred Fielding, Howard, descobriu em criança, recorda a revista Smithsonian.

“Lembro-me de olhar para o material e o meu instinto foi rebentá-lo”, disse o filho do inventor. “Digo que fui a primeira pessoa a rebentar plástico-bolha, mas tenho a certeza de que não é verdade. Os adultos da empresa do meu pai provavelmente faziam-no para garantir a qualidade. Mas eu era provavelmente o primeiro.”

“As bolhas eram muito maiores naquela altura, por isso faziam um barulho alto, era muito divertido”, confessou ainda.

E agora, sim: o que torna a rebentação de bolhas de plástico tão viciante e satisfatória?

Investigadores da Universidade de Swansea tentaram responder a essa pergunta e admitem que é muito mais do que entretenimento: estimula a produção de serotonina e dopamina no cérebro, que nos dá breves momentos de alívio e calma.

Para os mais viciados, o porta-chaves Mugen PuchiPuchi, inventado em 2007 reproduzia o som e a sensação tátil de rebentar as famosas bolhas de plástico.

Tomás Guimarães, ZAP //

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