Há muitas coisas que sabemos que podem ajudar-nos a viver mais tempo. Comer teus vegetais. Dormir. Não fumar. Conviver com os amigos amigos. Mas um novo estudo sugere agora que podemos acrescentar mais uma a essa lista: viver perto do oceano.
Um estudo conduzido por investigadores da Universidade Estatal do Ohio (OSU), nos Estados Unidos, examinou mais de 66.000 pessoas e comparou a sua longevidade com base na proximidade à água.
De acordo com os resultados do estudo, que foi recentemente publicado na revista Environmental Research, as pessoas que vivem junto à costa têm maior probabilidade de viver além da idade média de 79 anos.
Curiosamente, os residentes em cidades perto de lagos ou rios não se saíram tão bem — muitas vezes morrendo ligeiramente mais cedo.
“No geral, esperava-se que os residentes no litoral vivessem mais um ano ou mais mais do que a média de 79 anos, e aqueles que viviam em áreas mais urbanas, perto de rios e lagos interiores, provavelmente morreriam por volta dos 78 anos, explica o cientista de saúde ambiental Jianyong Wu, autor principal do estudo, em comunicado da OSU.
Os investigadores não têm uma explicação clara para esta variação de expectativa de vida — que pode estar relacionada com ar mais limpo, temperaturas mais amenas e melhor acesso a espaços ao ar livre.
Pode haver também uma correlação, em vez de uma relação de causalidade: as pessoas que vivem na costa também tendem a ter mais recursos financeiros, que lhes permitem dispor de melhores cuidados de saúde.
Mas isso não explica tudo.
O que mais surpreendeu os investigadores foi que nem toda a água é igual. A água interior em áreas rurais proporcionou às pessoas um ligeiro aumento na esperança de vida. Mas em ambientes urbanos, não ajudou nada. Pode até ter piorado as coisas.
Fatores como poluição, pobreza, inundações e falta de espaços seguros para se movimentar parecem cancelar quaisquer benefícios que os espaços azuis possam oferecer.
“Ficámos surpreendidos por encontrar uma diferença tão significativa e clara entre quem vive perto de águas costeiras e os que vivem perto de águas interiores”, diz Wu.
A equipa esperava que qualquer área adjacente à água trouxesse algum benefício. Em vez disso, o oceano teve um efeito mais substancial que lagos ou rios — e não compreendem porquê.
Talvez seja a luz, a brisa ou o ritmo das marés. Talvez seja simplesmente que viver na costa encoraja as pessoas a abrandar — de uma forma que a vida urbana não permite, diz a Vice.
“É provável que vários determinantes sociais da saúde, incluindo fatores ambientais complexos, que contribuem para as desigualdades em saúde, estejam a desempenhar um papel fundamental nas diferenças que observamos”, sugere Yanni Cao, também investigadora da OSU e co-autora do estudo.
Bem, lá se vai a ideia de que a vida no campo nos faz bem.