Uma menina de 17 anos foi atropelada, em maio, pelo carro do autarca de Esposende, conduzido pela sua mulher. Maria João Faustino fugiu sem prestar ajuda. Nair esteve internada 16 dias em estado grave.
Na manhã do dia 16 de maio, Nair foi atropelada pelo carro de Guilherme Emílio, presidente da Câmara de Esposende, conduzido pela sua mulher.
De acordo com o jornal Público, Maria João Faustino não parou para prestar auxílio e fugiu do local.
Nair estava a ir a pé para a escola, quando foi abalroada de lado pelo carro. A mochila saltou para o rio, a menina de 17 anos caiu ao chão e perdeu a consciência. Foi hospitalizada em estado grave no Hospital de São João (Porto), onde esteve 16 dias.
A menor ficou com várias fraturas na cara e na perna esquerda e lesões nos nervos óticos. Teve de ser operada. Só recentemente voltou a andar, mas os ferimentos no rosto fazem com que não queira de sair de casa.
Algumas horas após o acidente, conta o Público, Maria João Faustino apresentou-se no Comando Distrital da PSP de Viana do Castelo e assumiu que estaria a conduzir um veículo envolvido num acidente nessa manhã na Ponte Eiffel; e que pertencia ao seu marido Guilherme Emílio.
A suspeita alegou não se ter apercebido do atropelamento e disse que pensava que tinha embatido num pino de segurança ou num poste de iluminação. Referiu que só mais tarde soube, através das redes sociais, que tinha havido um atropelamento e que poderia ter estado envolvida.
“Aquilo que a minha esposa partilhou comigo é que ela não teve perceção de ter embatido numa pessoa. A perceção que teve foi única e exclusivamente de ter embatido num poste de iluminação e, para não criar nenhum tipo de constrangimento adicional de trânsito, continuou para o seu local de trabalho”, disse o autarca de Esposende numa entrevista recente à TVI.
Uma testemunha do acidente conta ao matutino que, após o acidente, viu um carro a acelerar. “Buzinei e gritei para o carro parar”, mas não parou – contou, suspeitando de que o veículo seguiria acima dos 30 km/h permitidos na Ponte Eiffel.
“Era impossível não se ter percebido do que aconteceu”, considera a testemunha.
Segundo conta a família de Nair ao Público, até hoje, Maria João Faustino nunca contactou nem procurou saber como estava o estado de saúde da jovem – seja diretamente ou por intermédio de terceiros.
A viatura foi alvo de uma peritagem pelas autoridades e o caso está a ser investigado pelo Ministério Público, encontrando-se o processo em segredo de justiça. Em causa pode estar um crime de omissão de auxílio.
Em julho, a câmara de Esposende disse ao Correio da Manhã que este caso é um “ataque político promovido pela oposição”, com “o claro propósito de afetar a imagem pública” de Guilherme Emílio, que se recandidatou pelo PSD à presidência da câmara de Esposende.