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“The Wall”: O início da ascensão e o princípio do fim dos Pink Floyd

Alterna2, http://www.alterna2.com / wikimedia

Roger Waters, um dos fundadores dos Pink Floyd

Há quarenta anos, a banda de rock Pink Floyd lançou o seu 11º álbum, “The Wall”. O álbum tornou-se o segundo mais vendido da história, mas marcou também a última vez que os principais membros da banda – Roger Waters, David Gilmour, Nick Mason e Richard Wright – gravaram um álbum juntos.

Os egos não controlados dos membros de uma banda podem ser difíceis de controlar e, muitas vezes, levam a um ponto em que a separação do grupo é inevitável. As tensões entre os quatro membros dos Beatles – John Lennon e Paul McCartney, em particular – levaram à rutura da icónica banda em 1970.

Quando os Pink Floyd começou a gravar “The Wall”, em janeiro de 1979, as tensões já se faziam sentir há vários anos. “The Dark Side of the Moon”, lançado em 1973, catapultou a banda para o estrelato, mas os membros lutaram para construir outro álbum de sucesso. Os álbuns seguintes – “Wish You Were Here”, de 1975, e “Animals”, de 1977 – já foram gravados sob pressão.

O baixista Roger Waters foi quem assumiu o comando de “Wish You Were Here”, tendo decidido as faixas e os temas conceituais do álbum. Durante o processo, Waters acabou por deixar cair as músicas “Raving and Drooling” e “Gotta be Crazy” contra os desejos do guitarrista e co-vocalista David Gilmour.

Sufocados por Waters, Richard Wright e David Gilmour decidiram envergar pelo caminho dos álbuns a solo em 1978, com Wright a lançar “Wet Dream” e Gilmour a estrear o auto-intitulado “David Gilmour”.

“Era importante para mim em termos de autorrespeito. No início, não achei que o meu nome fosse grande o suficiente para carregar todo o álbum. Estar nm grupo durante tanto tempo pode ser um pouco claustrofóbico, e eu precisava sair da sombra de Floyd“, confessou Gilmour, citado pelo The Conversation.

Em “The Wall”, Waters assumiu o controlo novamente, tendo sido parcialmente inspirado por um incidente que aconteceu durante a turné In the Flesh, que promoveu o álbum “Animals”.

Waters estava muito irritado com o som do fogo de artifício e sentiu que a plateia não estava a ouvir as suas músicas. Frustrado, Waters cuspiu no público e, mais tarde, pensou em construir um muro entre ele e os seus fãs. Eis que surgiu “The Wall”.

Em julho de 1978, apresentou uma demo de 90 minutos ao resto da banda, propondo dois conceitos para o próximo álbum: “Bricks in the Wall” e “Os prós e contras de Hitch Hiking”. Os membros da banda concordaram, mas a crescente megalomania de Waters, muito evidenciada em “The Wall”, tornou-se muito difícil de suportar.

O facto de a história central do álbum ser semi-autobiográfica, com base em Waters e no ex-membro da banda Syd Barrett, não ajudou. Os muros simbolizavam os mecanismos de defesa que Waters havia construído contra aqueles que poderiam magoá-lo: algumas letras Algumas abordam a morte do seu pai e outras temas como a infidelidade.

David Gilmour abarrotava de ideias para contribuir para a visão de Waters, mas nunca chegaram a ter protagonismo no álbum. Aliás, Waters incluiu fragmentos de demos associados aos projetos a solo de Gilmour, mas, no final, Gilmour recebeu apenas três créditos de co-roteiro – por “Run Like Hell”, “Young Lust” e “Comfortably Numb”. Nick Mason e Richard Wright não receberam nenhum.

Hoje, “The Wall” é considerado por muitos um dos melhores álbuns da história do rock. No entanto, marcou a última vez que os quatro membros da banda gravaram um álbum juntos.

ZAP //

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