The Shed at Dulwich foi, durante algum tempo, um dos restaurantes mais exclusivos de Londres e certamente o mais difícil de conseguir fazer reserva. O estabelecimento chegou ao número 1 do site de avaliações TripAdvisor. Só havia um problema: nunca chegou mesmo a existir.
Segundo o Washington Post, tudo não passou de uma ideia de Oobah Butler, um escritor freelancer que usou parte da sua casa – um barracão em Dulwich, em South London – como grande inspiração para um novo restaurante (mas fictício).
Antes de inscrever o restaurante no TripAdvisor, plataforma que aceitou o pedido sem verificar a sua existência, Oobah arranjou também um telefone para atender futuros clientes e criou um website para explicar o conceito do espaço.
Na página, podia ler-se que a carta do restaurante era feita com base nas emoções dos clientes: “Não temos um menu tradicional. Em vez de refeições, a nossa carta é feita com base em estados de espírito. O cliente escolhe o que se adapta ao seu dia e o nosso chef interpreta essa informação. Também podemos fazer pratos para ocasiões especiais por um custo extra”, podia ler-se.
Oobah também partilhou fotografias dos pratos que eram, na verdade, feitos com materiais improvisados em casa como, por exemplo, espuma de barbear e pastilhas de detergente. Relativamente à morada do espaço, deu apenas o nome da rua, alertando que só aceitava marcações por reserva.
O restaurante foi aceite no TripAdvisor e entrou para o 18.149 lugar da lista de restaurantes londrinos em maio. A partir daí, pediu a familiares e amigos para escreverem falsas críticas, que elogiavam o espaço e o descreviam como uma experiência única.
Foi então que o telefone começou a tocar. Oobah filmou algumas das conversas que manteve com os interessados em conseguir mesa no The Shed, nas quais dizia sempre que estavam “completamente esgotados”.
O jovem britânico chegou mesmo a divertir-se com as chamadas, fazendo questões ridículas sobre a influência das pessoas nas redes sociais e quantos seguidores tinham no Instagram.
Em finais de agosto, o restaurante fictício já ocupava o número 156 do ranking. Certas empresas começaram a enviar amostras grátis de produtos, com base numa localização aproximada da morada, começou a receber candidaturas de emprego e até um contacto das autoridades locais a propor-lhe a mudança do restaurante para um novo espaço.
Quando chegou à 30.ª posição, as tentativas de marcação começaram a chegar de todo o mundo e várias pessoas abordaram-no na rua de sua casa para perguntar se sabia onde podiam encontrar o restaurante. “O telefone tocava mais do que nunca”, conta.
Certo dia, Oobah recebeu uma mensagem do TripAdvisor, na qual pensava que ia ser finalmente avisado de que tinha sido apanhado. Em vez disso, a plataforma anunciou que a sua página tinha recebido 89 mil visualizações num só dia.
Na primeira semana de novembro, aconteceu: o The Shed at Dulwich, que não teve um único cliente, chegou ao primeiro lugar da lista.
O jovem decidiu tornar a história pública através de um artigo na revista VICE. À imprensa, o TripAdvisor recusou-se a comentar o caso mas diz que o restaurante já estava a ser alvo de avaliação antes da publicação do artigo.
O porta-voz da plataforma, Brian Hoyt, explica que “a maioria dos fraudadores só estão interessados em tentar manipular os rankings de restaurantes reais, por isso, naturalmente, os funcionários estão mais focados nessa perspetiva”.
“Geralmente, as únicas pessoas que criam restaurantes falsos são jornalistas numa tentativa equivocada de nos testar. Como não há incentivo para que ninguém no mundo real crie um restaurante falso, esse não é um problema que temos com a nossa comunidade regular – portanto, este ‘teste’ não é um exemplo do mundo real“.
Certo é que o restaurante “existiu” na Internet, chegou ao topo da lista dos restaurantes em Londres, mesmo sem que nenhum cliente tenha alguma vez lá entrado para comer.
Uiii que anda para aí tanto disso. Hoje em dia grande parte das empresas que fazem questão de “aparecer” em tudo o que é notícia… é porque na realidade não existem ou quase não existem e vivem apenas do aparato. Conheço muitas de norte a sul com alguns episódios dignos de Monty Python… então nas “pseudo-tecnológicas”…
Muito bom!!
Serve para mostrar como, com a Internet, se consegue com alguma facilidade manipular milhares/milhões!…
É a tal mania de manifestar as falsas emoções e duvidosa solidariedade com “Gostos”, “Likes”, “dedo polegar”, que no fundo não passa de superficilidade.
O mesmo se passa em votações online. Talvez 90% dos gostos são colocados por pessoas que nunca estiveram no lugar em questão, nunca experienciaram uma emoção; foram seduzidas por imagens, videos, etc. E nessas votações eu não acredito. Mas não só; Certificações ou homologações (sei lá) são dadas à distância: rotas que não cuidaram da segurança de caminhantes, por exemplo.
É isso e é empresas de rating chamarem lixo a um país, gajos de fatinho e gravata estarem na bolsa de wall street a decidir o preço de trigo e outros cereais sem nunca terem algum sequer na mão e muitas outras que por ai proliferam.
Não esquecendo as estrelas mikelin de restaurantes que servem pratos caros com uma cagadela de comida toda apaneleirada